Manifestantes e a polícia confrontaram-se em Santa Cruz, no centro leste da Bolívia, na sequência da detenção na quarta-feira do governador da região de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, um dos principais opositores do governo boliviano.

Camacho, um dos principais líderes da direita boliviana, foi preso na cidade de Santa Cruz por ordem de um procurador que acusou o governador de “terrorismo” por um alegado “golpe de Estado” contra o antigo Presidente de esquerda Evo Morales, em novembro de 2019, de acordo com a acusação.

Várias áreas da cidade mais populosa da Bolívia têm sido bloqueadas por manifestantes, que se confrontaram com a polícia, sem que tenham sido registados, até ao momento, quaisquer feridos, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

Os manifestantes também atearam fogo aos escritórios do procurador local, depois de outros terem tentado ocupar os dois aeroportos de Santa Cruz, Viru Viru (internacional) e El Trompillo (doméstico), numa tentativa de impedir a transferência do governador para a capital, La Paz.

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O diretor da companhia de transportes aéreos e aeroportos bolivianos, Elmer Pozo, anunciou que os voos foram interrompidos.

Alvo de várias investigações, Camacho tem negado repetidamente ter encenado um golpe e prefere falar de uma rebelião popular contra Evo Morales (2006-2019), a quem acusou de ter manipulado as eleições presidenciais de 2019 para permanecer no poder.

“O paradeiro do governador é atualmente desconhecido e consideramos o governo do Presidente Luis Arce responsável pela segurança física e pela vida do governador”, de acordo com um comunicado do gabinete de Camacho, denunciando uma “operação policial absolutamente irregular”.

Luis Fernando Camacho é um dos principais líderes da direita boliviana e lidera a segunda maior força política da oposição no parlamento, Creemos, atrás do partido da Comunidade de Cidadãos (CC) do ex-Presidente centrista Carlos Mesa.

Os antigos chefes de Estado bolivianos Jeanine Añez (2019-2020) e Jorge Quiroga (2001-2002), ambos de direita, e Mesa (2014-2018) condenaram a prisão do governador.

Añez foi também acusada dos mesmos crimes e condenada a dez anos de prisão em junho.

Os apoiantes do governo socialista de Luis Arce, por outro lado, congratularam-se com a detenção de Camacho. O Procurador-Geral do Estado, Wilfredo Chavez, um antigo ministro de Evo Morales, disse que “a justiça deve fazer o seu trabalho”.