O PCP criticou esta segunda-feira o Governo por não intervir na regulação dos custos dos bens e serviços essenciais perante os novos aumentos, depois de em 2022 já se ter registado a “maior subida de preços dos últimos 30 anos”.
Numa declaração aos jornalistas na sede do PCP, em Lisboa, Margarida Botelho, membro do Secretariado do Comité Central do PCP, referiu que “o aumento do custo de vida e a escalada de preços traduzem-se na perda real e significativa de poder de compra”, ao mesmo tempo que significa a “acumulação de lucros que o aproveitamento especulativo por parte dos principais grupos económicos tem garantido”.
“Estes são aumentos que se anunciam e alastram sem que o Governo intervenha para regular os preços dos bens e serviços essenciais, favorecendo a especulação e contribuindo para a acumulação de lucros fabulosos e para a distribuição de dividendos“, criticou, dando como exemplo os grupos económicos da grande distribuição ou da banca.
Segundo Margarida Botelho, “em 2022 registou-se a maior subida anual de preços de bens e serviços de consumo dos últimos 30 anos”, destacando a subida dos bens alimentares e da energia.
Ao contrário dos que “argumentam que a inflação aumentou ligeiramente menos em dezembro” passado, segundo a dirigente comunista, “os preços continuarão a aumentar nos próximos meses, somando-se aos aumentos de 2022”.
“Neste início de ano estão já anunciadas subidas de preços dos bens e serviços essenciais, agravando ainda mais as consequências na vida da generalidade da população, sem que os salários e as pensões as acompanhassem”, enfatizou.
Como o PCP tem defendido, continuou a dirigente comunista, a atual situação “confirma a urgência do aumento geral dos salários, designadamente com a fixação do Salário Mínimo em 850 euros com efeitos imediatos e com a valorização das pensões, garantindo, pelo menos, o cumprimento da lei e um aumento mínimo de 50 euros”.
“Para enfrentar as subidas de preços e os atuais níveis de inflação, é preciso aumentar os salários e as pensões, regular os preços dos combustíveis, da energia, dos bens alimentares e outros serviços essenciais, mas também das telecomunicações, dos serviços bancários, das rendas de casa, das taxas de juros praticadas nos empréstimos à habitação”, defendeu.
Para o PCP “medidas pontuais e assistencialistas como as que o Governo tem promovido” não são suficientes. “E muito menos a utilização de receitas públicas para alimentar os lucros dos grupos económicos — como o Governo fez agora com as portagens. Ou, como outros também já pretendem — seja PSD, Chega ou IL — colocar os recursos públicos a suportar a redução de IVA sem impor a fixação de preços garantindo assim uma ainda maior acumulação de margens de lucro por parte dos grupos económicos”, acrescentou.