O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) está “profundamente estupefacto e preocupado” face ao reduzido número de vagas hospitalares, nos cuidados de saúde primários e saúde pública abertas para os médicos recém-especialistas na região.
Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a ordem dos médicos aponta o dedo à tutela perante a incapacidade de colmatar as carências de recursos humanos e acusam o mapa de vagas ser um “exercício de amadorismo” na gestão de recursos humanos.
O despacho nº 432 -A/2023, publicado no Diário da República, na segunda-feira, prevê no total 196 vagas para a área de Medicina Geral e Familiar, 24 para a área de Saúde Pública e 34 vagas para a área hospitalar.
Destas, a região Centro tem previstas sete vagas para a área hospitalar, duas nas especialidades de dermatovenereologia, uma na endocrinologia e nutrição, três na oncologia médica e uma vaga para a especialidade de radioncologia.
“O Ministério da Saúde demonstra um total desconhecimento do número de médicos necessários para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, desta forma, está a agravar a grave carência do SNS”, afirmou o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, que refere que esta situação é reveladora “de um preocupante amadorismo no planeamento em recursos humanos”.
Perante estes números, Carlos Cortes manifesta a sua total discordância e afirma a sua “incredulidade” perante o desfasamento entre a realidade dos cuidados de saúde na região e este mapa de vagas.
Esta realidade “vai obrigar os médicos a saírem do SNS, isto é, este mapa de vagas é um péssimo serviço que se está a prestar à fixação dos médicos no SNS”, apontou, citado no comunicado.
O mesmo despacho prevê ainda a abertura de 44 vagas a área de Medicina Geral e Familiar (MGF), para a região Centro — quatro para o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Mondego, oito para o ACeS Baixo Vouga, duas para o ACeS Cova da Beira, quatro para o ACeS Dão Lafões, cinco para o ACeS Pinhal Interior Norte e nove para o ACeS Pinhal Litoral.
Está previsto ainda a abertura de cinco vagas para o ACeS Beira Interior Sul, três para o ACeS Pinhal Interior Sul e quatro para o ACeS Guarda.
De acordo com a nota, relativamente à Saúde Pública, a região Centro tem previstas neste mapa duas vagas – uma no Departamento de Saúde Pública da ARS (Administração Regional de Saúde) do Centro e outra no ACeS Guarda.
No total, são 53 vagas para a região Centro, ou seja, 44 vagas na área de Medicina Geral e Familiar, sete hospitalares e duas para a área de Saúde Pública.
“É inusitado e carece de uma reflexão”, concluiu, Carlos Cortes, lamentando a incapacidade da tutela na gestão de recursos humanos para o Serviço Nacional de Saúde.
O presidente da SRCOM considera “preocupante o atual mapa de vagas” publicado na segunda-feira.