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O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, afirmou esta terça-feira que os civis continuarão a morrer na Ucrânia enquanto a Alemanha não enviar tanques de guerra para combater os russos, pedido sobre o qual Berlim tem mantido silêncio.
“Quanto mais essa decisão [de enviar tanques de guerra] for adiada, mais baixas haverá, mais mortes de civis haverá“, disse Kuleba após a visita surpresa da homóloga alemã, Annalena Baerbock, a Kharkiv (nordeste do país).
As declarações de Kuleba surgem depois de a chefe da diplomacia alemã ter garantido que Kiev pode contar com a entrega das armas de que necessita “para libertar os concidadãos que ainda sofrem com o terror da ocupação russa”.
Após longos meses de hesitação, a Alemanha anunciou recentemente a entrega às forças ucranianas de 40 veículos blindadosMarder, até à primavera, embora Kiev continue a exigir entregas de tanques de guerra alemães do tipo Leopard.
Dentro da coligação do chanceler alemão, Olaf Scholz, os Verdes (partido de Baerbock) e os Liberais também estão a exigir ir mais longe no apoio militar a Kiev.
A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros efetuou esta terça-feira uma visita surpresa a Kharkiv, na primeira deslocação de um alto funcionário ocidental à cidade flagelada e próxima da fronteira russa.
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão realçou que Baerbock foi convidada pelo homólogo “e amigo” Kuleba, tendo declarado, já em Kharkiv, que a população ucraniana “pode contar” com o “apoio e solidariedade” da Alemanha no que diz respeito ao fornecimento de geradores, transformadores, combustíveis ou mantas para sobreviver ao inverno rigoroso.
“Esta cidade é um símbolo da loucura absoluta da guerra de agressão russa na Ucrânia e do sofrimento sem fim que as pessoas, especialmente aqui no leste do país, enfrentam todos os dias”, disse a ministro.
A visita de Baerbock só foi tornada pública quando ela já estava no comboio de regresso à Alemanha por questões de segurança.
Muitos líderes ocidentais estiveram na Ucrânia desde a invasão russa em 24 de fevereiro, incluindo Scholz e o Presidente francês, Emmanuel Macron. No entanto, nenhum chegou ao extremo leste, onde as tropas russas tomaram vários territórios.
Kharkiv foi alvo de vários bombardeamentos no início do conflito, mas as forças ucranianas conseguiram defendê-la. Atualmente, a frente de combate já se afastou e está agora a cerca de 130 km da cidade.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.