Todos sabiam o que mais queriam na final do Open da Austrália e na época de 2023, ninguém teve uma opinião mais incomum e até polémica do que o regressado Alexander Zverev – e que contrariava a ideia de mais duelos épicos entre Rafael Nadal e Novak Djokovic pela conquista dos quatro Grand Slams da época. “Lamentavelmente, creio que o Rafa se vai retirar em Roland Garros. Não quero que isso aconteça mas creio que terá um grande torneio, provavelmente até o vai vencer e vai aproveitar para dizer adeus”, comentara o alemão, à luz dos problemas físicos que têm fustigado o espanhol ao longo dos anos. O maiorquino, mesmo sem querer entrar em grandes choques, recusou a ideia. No entanto, voltou a ser traído pelo corpo.

“Estou aqui para jogar ténis, para fazer um grande 2023 e para tentar lutar por todas as coisas que lutei durante toda a minha carreira desportiva. Não estou a pensar na minha retirada”, assegurou. E o primeiro encontro em Melbourne, frente ao britânico Jack Draper, mostrou que estava apostado em repetir a série de triunfos do ano passado até ao encontro decisivo. Contudo, e pela primeira vez desde que teve aquela derrota inaugural diante a Fernando Verdasco na ronda inicial da edição de 2016, não passou do segundo jogo.

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A exibição de Mackenzie McDonald foi superlativa, mesmo que tenha tendência a ficar num patamar quase secundário. Aquilo que na verdade se fala é bem maior até do que o encontro em si, decidido em apenas três sets com os parciais de 6-4, 6-4 e 7-5 em pouco mais de duas horas e meia. Mais uma vez, como acontecera por exemplo nos quartos de Wimbledon (com desistência antes de fazer as meias), o corpo de Nadal cedeu. E bastava olhar para a cara e as lágrimas nas bancadas do treinador, Carlos Moyá, e da mulher, Mery Perelló, para se perceber que aquela pausa no segundo set por queixas na perna esquerda era mesmo o fim.

“Notei algo na anca e acabou. Tinha notado nos últimos dias mas nada como hoje. Tenho um histórico de problemas na anca que me obrigaram a fazer tratamentos no passado. É difícil dizer em concreto aquilo que tenho enquanto não fizer uma ressonância. Não sei se o problemas é no músculo, se é na cartilagem… Espero que não seja nada excessivamente mau que me mantenha muito tempo de fora. Não é só uma questão de regressar, é depois encontrar um nível decente”, explicou o espanhol no final do encontro.

Desistir? Não perguntei ao fisioterapeuta se tinha de retirar-me do jogo porque conheço o meu corpo, sou suficientemente grande para tomar as minhas próprias decisões. Não queria desistir e abandonar o court porque estava a defender o título. O que tentei foi continuar sem fazer muito mais dano”, comentou sobre a possibilidade de deixar o jogo no segundo set.

“Estou cansado e frustrado por estar em processos de recuperação de lesões em grande parte da minha carreira mas sempre aceitei isso. Não posso dizer que não estou mentalmente destroçado porque estaria a mentir. Podia chegar aqui e dizer que a vida é fantástica e que tenho de manter-me positivo mas não consigo fazer isso agora. É um momento e um dia duro que aceito e tenho de continuar. A nível desportivo, o copo continua a encher até que um dia a água comece a sair por fora”, concluiu Rafa Nadal, que com a derrota e a impossibilidade de defender os pontos de 2022 vai cair do top 5 da hierarquia mundial.