O marco dos onze meses desde o início da guerra pode ter ficado marcado como um dia de sonho para a diplomacia ucraniana. Dois dos principais pedidos dos últimos tempos pela parte do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, terão sido concretizados: os Estados Unidos estão inclinados a enviar os tanques Abrams M1, a Alemanha finalmente terá dado o braço a torcer e terá decidido enviar os Leopard-2 para território ucraniano, permitindo também que outros países o façam.

Ao início da tarde, o Wall Street Journal avançava que os Estados Unidos voltavam com a palavra atrás e enviariam cerca de 30 tanques Abrams para a Ucrânia. A informação servia como forma de fazer pressão para que a Alemanha fornecesse a Kiev os seus Leopard-2. 

Vários dirigentes norte-americanos demonstravam frustração com a atitude alemã, considerando que estava a colocar a causa a unidade da NATO e a coesão entre os países que estão a apoiar a Ucrânia. A decisão de enviar Abrams, que também não é complemente consensual dentro da administração Biden, foi tomada, já que foi a única forma de pressionar a Alemanha.

De acordo com a Associated Press, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deverá oficializar a decisão esta quarta-feira. No entanto, os tanques ainda deverão demorar meses a chegar ao terreno, para além de ser necessário treinar os militares ucranianos para os manusear.

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Por seu lado, a Alemanha, que resistiu durante três semanas apesar da insistência polaca, já tinha referido que apenas avançava com o envio dos Leopard-2 se os Estados Unidos agissem primeiro. Washington decidiu quebrar este impasse, uma vez que considera prioritário que, para a contraofensiva ucraniana que se espera que comece na primavera, a Ucrânia possua no seu arsenal os tanques alemães, tendo agido, assim, nesse sentido.

E Berlim cedeu. Ao final da tarde, o Der Spiegel adiantava que o chanceler alemão, Olaf Scholz, havia finalmente dado a luz verde para o envio dos tanques. Serão mais de uma dezena e serão um dos modelos mais avançados no arsenal: os Leopard-2 A6.

Em consequência da decisão alemã, a Polónia deverá agora enviar os 14 tanques que já mostrou disponibilidade. A Finlândia também deve enviar umas dezenas, enquanto a Noruega deverá fornecer oito. Espanha também já abriu essa possibilidade, mas dependerá da restauração dos carros de combate. Por sua vez, os Países Baixos também se mostraram interessados em adquirir 18 tanques para enviar para a Ucrânia.

É expectável que uma coligação de países consiga fornecer cerca de 100 tanques ocidentais à Ucrânia, que vários especialistas acredita que vão fazer a diferença no terreno.