O líder parlamentar do PS garantiu esta segunda-feira que a “linha vermelha” que o partido estabeleceu relativamente ao Chega “não se moveu um milímetro”, recusando que a presença do Governo na convenção de Santarém seja uma normalização daquela força política.
“Não é o PS que normaliza [o Chega] ou o Governo e muito menos o Grupo Parlamentar do PS”(…) quem tem feito acordos com o Chega, nos Açores, quem tentou viabilizar a eleição de um vice-presidente para Assembleia da República foi o PSD. Não vamos confundir: a linha vermelha que estabelecemos contra o Chega não se moveu um milímetro”, garantiu Eurico Brilhante Dias, à margem de uma visita à Fundação Serralves, no Porto.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS comentava a presença da ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, no encerramento da V Convenção Nacional do Chega, no qual intervieram dirigentes de oito partidos da extrema-direita europeia antes do discurso final de André Ventura, reeleito no sábado presidente do partido com 98,3% dos votos.
“Com o Chega nada. Com o Chega apenas oposição. É um discurso racista, xenófobo, misógino, que coloca portugueses contra portugueses. E se nós transigirmos com este discurso, vamos, aí sim, deixar que entre um vírus, que é um vírus que coloca portugueses contra portugueses e que destrói a democracia”, afirmou, em declarações hoje aos jornalistas, Eurico Brilhante Dias.
Confrontado com as críticas da socialista e ex-candidata presidencial Ana Gomes, que, no domingo, declarou que “PS está numa lógica perversa de normalizar o Chega”, Brilhante Dias justificou a presença da ministra dos Assuntos Parlamentares na V Convenção do Chega com o cumprimento de responsabilidades institucionais.
“O Governo tem responsabilidades institucionais perante um partido com representação parlamentar e que tem direitos de oposição, e por isso o Governo foi. E a senhora ministra, eu acho que mais clara do que ela foi é impossível. A senhora ministra disse, de forma clara, que tinha sido um discurso de ódio e distanciou-se absolutamente de qualquer intervenção”, disse.
Eurico Brilhante Dias afirmou que “sempre que o Governo é convidado e estão em causa representações institucionais de partidos com assento parlamentar, o Governo tem ido”.
“Seguramente com grande sacrifício a ministra foi”, acrescentou, sem esclarecer, contudo, se o Governo já havia sido convidado para outras reuniões magnas do Chega.
A ministra dos Assuntos Parlamentares lamentou, no domingo, o “discurso de ódio” que considerou ter marcado o encerramento da V Convenção do Chega, em Santarém, sublinhando que “há todo um mundo que distingue” aquele partido do Governo.
Justificando a sua presença com um convite institucional, Ana Catarina Mendes frisou a “distância total e nenhum ponto de contacto do Governo com o partido Chega”.
Acompanhado pelos vice-presidentes da bancada e os deputados socialistas eleitos pelo círculo do Porto, Eurico Brilhante Dias visitou hoje empresas, associações e instituições do setor da inovação tecnológica, formação e cultura.