A CMA, a autoridade da Concorrência no Reino Unido, anunciou esta terça-feira que está à procura de comentários sobre a venda da participação que a Richemont tem na plataforma de comércio eletrónico Yoox Net-a-Porter (YNAP) à luso-britânica Farfetch. O negócio no setor do retalho de luxo foi anunciado em agosto do ano passado.

Na altura, através de um comunicado conjunto, era explicado que a participação da suíça Richemont, a dona de marcas como a Cartier e Montblanc, no grupo que controla o site Net-a-Porter, vai passar para as mãos da Farfetch. Ou seja, quando o negócio ficar concluído, a Farfetch passará a ser dona de 47,5% do grupo, que tem uma base global de clientes de luxo de quatro milhões de pessoas. Em troca, a Richemont recebe entre 53 a 58,5 milhões de ações classe A da empresa de José Neves, sendo “expectável que represente entre 10 e 11% do capital diluído de ações da empresa e 12 a 13% do capital emitido”, era explicado em agosto.

Farfetch fica com 47,5% na empresa de comércio eletrónico Yoox Net-A-Porter. Richemont aumenta posição na Farfetch

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Esta terça-feira, uma nota da CMA explica que esta autoridade está a considerar se, concluída a transação, poderá ser criado um cenário em que haja “uma redução substancial da concorrência” no mercado de bens e serviços no Reino Unido.

Nesse sentido, a CMA está a pedir comentários à transação a quem se considere como uma parte interessada neste mercado dos bens de luxo.

Neste momento, a autoridade inglesa indica que será possível enviar comentários ao assunto até 14 de fevereiro. Só a partir desses comentários é que a CMA vai emitir considerações e, a partir daí, perceber se existe ou não a necessidade de lançar uma investigação.

A formalização de um acordo sobre a aquisição da participação da Richemont na YNAP abria a porta à possibilidade de a Farfetch poder comprar a totalidade da YNAP. Estava inscrita no acordo uma opção para que a empresa luso-britânica possa mais tarde comprar as restantes ações da YNAP, ainda que haja um conjunto de condições associadas, que é descrita como “uma potencial segunda e última fase da transação”. Nessa fase, a Farfetch tem a opção de comprar todas as ações da YNAP “que não tenha no momento do exercício, algo que pode ser acionado a qualquer momento desde a conclusão da fase inicial da transação até ao quinto aniversário (…)”, era possível ler no comunicado conjunto.

Mesmo antes do anúncio do verão passado, a Richemont já tinha uma ligação com a Farfetch. Em novembro de 2020, a empresa anunciou uma parceria com a chinesa Alibaba para investir 1.100 milhões de dólares na Farfetch. Dessa parceria, as empresas ficaram com uma participação combinada de 25% na operação da plataforma de moda de luxo na China.