(Em atualização)

Os partidos da oposição criticaram esta sexta-feira que o bónus à presidente da TAP possa chegar aos três milhões de euros, mas alguns defendem que, se for ilegal, não deve ser pago, questionando quem no Governo sabia deste valor.

Esta quinta-feira à noite, o Jornal Económico e a CNN Portugal avançaram que o bónus que a CEO Christine Ourmières-Widener pode receber da TAP caso cumpra o plano de reestruturação até 2025 pode chegar aos três milhões de euros. Contudo, o contrato que regula o valor ainda não foi ratificado pela assembleia-geral da empresa, podendo, por isso, tornar-se inválido.

O deputado social-democrata Paulo Rios de Oliveira reiterou a necessidade de “apurar realmente o que aconteceu” na TAP “e como foi possível chegar a este ponto”. “Há duas coisas que espantam o PSD. A primeira é, como é que perante tudo isto, o Partido Socialista se limita a abster. Ele que deveria ser o primeiro interessado em apurar até ao fim o que aconteceu e o que está a acontecer na TAP”, começou por dizer o vice-presidente da bancada do PSD.

“Quando falamos na gestão da TAP, há um conjunto de trapalhadas, embustes, mentiras e dinheiro desbaratado. É preciso perceber onde estava o dono, onde estava o Estado. Como foi possível atirar para cima daquela empresa a fortuna de 3.200 milhões [de euros] quando tudo foi feito, gerido, organizado e estruturado desta maneira?”, questionou Rios de Oliveira.

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“Quem é responsável por este novo dado? Como é possível o ministro das Finanças e das Infraestruturas terem permitido que acontecesse?”, afirmou o deputado do PSD, que voltou a questionar as condições políticas de Fernando Medina para se manter no cargo.

Bónus da CEO da TAP é de 3 milhões de euros mas ainda não terá sido ratificado

Declarando que “o silêncio do Partido Socialista e do Governo é insuportável”, o deputado do PSD apontou que o seu partido “tem vindo a insistir para que tudo seja apurado”, defendendo que, quando isso acontecer, “tem de haver consequências políticas. “Começamos a perceber bem de mais porque é que o PS não tem nenhum entusiasmo com esta comissão de inquérito”, concluiu.

Bloco de Esquerda lamenta “prémios milionários” e considera inaceitável desigualdade “na sociedade e numa empresa pública

A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua apontou um problema de substância e outro de forma em relação ao bónus da CEO da TAP.

“[Há um problema] de substância, porque qualquer trabalhador da TAP que faça o seu trabalho bem feito recebe o salário com um corte de 20%. A CEO, que recebe um salário anual de 500 mil euros, ainda tem direito a um bónus de três milhões de euros”, disse, considerando inaceitável esta desigualdade “na sociedade e numa empresa pública”.

Por outro lado, lamentou que estes “prémios milionários”, bem como os contratos e salários dos gestores se mantenham secretos, dizendo que o BE irá pedir na comissão de inquérito, que será aprovada esta sexta-feira, “o conjunto de todos os contratos dos administradores, todas as condições salariais, todos os prémios atribuídos”. “Se há prémios que são ilegais e incompreensíveis então a tutela, o Governo, deve ter uma ação, e deve impedir que estes prémios sejam pagos”, defendeu.

O deputado do PCP Bruno Dias considerou que as notícias recentes vêm “confirmar que a gestão da TAP está cada vez mais contaminada pelo pior da gestão privada” e defendeu que tem de haver uma opção política de “colocar ordem” e de “escrutínio e transparência na gestão para defender a TAP e o interesse nacional”.

Ex-secretário de Estado Jorge Seguro Sanches preside comissão de inquérito à TAP

A porta-voz do PAN e deputada única Inês Sousa Real classificou como ultrajante os “prémios milionários” que vêm sendo conhecidos na administração da TAP e reiterou a necessidade de se aplicar a esta empresa o estatuto do gestor público. E se o bónus for considerado ilegal “de forma alguma” deve ser pago, afirmou igualmente.

Chega requereu formalmente explicações ao Governo sobre o bónus e sobre quem o autorizou

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou que o partido já requereu formalmente ao Governo que esclareça se tinha informação sobre este bónus e quem o autorizou, apontando igualmente ao ministro das Finanças.

“Se houver uma ilegalidade de fundo ou uma invalidade, temos de concluir que esta indemnização não tem de ser paga, mas é fundamental perceber, ao longo dia de hoje [sexta-feira], se as Finanças autorizaram ou não este contrato”, frisou, avisando que, na futura comissão de inquérito sobre o tema, o Chega “não vai permitir que a TAP mantenha quaisquer níveis de secretismo”.

Pela Iniciativa Liberal, o deputado Bernardo Blanco considerou igualmente que os dados disponíveis apontam para que este bónus seja “claramente ilegal” e questionou a responsabilidade política da tutela. “Não sei se o ex-ministro [Pedro Nuno Santos] sabia ou não, há poucos meses tivemos uma discussão em plenário e o senhor ministro não me respondeu. Politicamente, quando foi questionado sobre isto não respondeu”, frisou.