O Presidente do Equador, Guillermo Lasso, aceitou a derrota num referendo realizado no domingo e apelou à classe política para construir um projeto comum para resolver os problemas do país.

Numa mensagem transmitida através da rádio e da televisão na segunda-feira, o conservador insistiu que o referendo, que pretendia alterar a Constituição em matéria de segurança, democracia, instituições, movimentos políticos e ambiente, visava apenas ouvir a população.

Após um dia de silêncio sobre os resultados, Lasso disse entender a voz do povo no referendo, realizado em paralelo com as eleições locais, nas quais a oposição de esquerda conquistou terrenos nas autoridades municipais, regionais e provinciais.

Quando o povo fala, é dever dos governantes analisar, entender e aceitar”, disse o chefe de Estado, acrescentando que no resultado da votação “se encontram as respostas e soluções” para os principais problemas do país.

Lasso sublinhou que a população busca maior segurança, melhor educação, melhor saúde, mais trabalho, melhores empregos e salários, já que a maioria não poderia ter outro desejo senão “mudar o Equador para melhor”.

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O Presidente equatoriano defendeu que os eleitores pediram a todos os grupos políticos, vencedores ou vencidos, “para parar de resolver brigas internas” e para “resolver de uma vez por todas” os problemas do país.

Mais de 100 reclusos morreram violentamente em prisões equatorianas no ano passado e mais de 450 foram alegadamente assassinados desde 2020.

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador passou de um país de trânsito de drogas a um grande centro de distribuição para a Europa e os Estados Unidos.

Em 2021, as autoridades apreenderam 210 toneladas de drogas, principalmente cocaína, um novo recorde. A quantidade apreendida no ano passado atingiu um total de 160 toneladas até novembro.

Em agosto, o Governo recusou uma ordem judicial para libertar o antigo vice-Presidente Jorge Glas, condenado por corrupção, com o Ministério Público a abrir uma investigação contra o juiz.

Em julho, o Governo e líderes dos protestos indígenas no Equador chegaram a um acordo para pôr fim às manifestações que paralisaram o país durante mais de duas semanas e que causaram seis mortos.

O acordo prevê uma redução total de 15 centavos (do dólar) no preço do combustível, uma das principais exigências dos manifestantes, que são principalmente agricultores das montanhas andinas e da região amazónica do país.

O acordo, mediado pela Igreja Católica, prevê ainda a revogação e revisão de dois decretos, o primeiro sobre a extensão da exploração petrolífera na Amazónia, o segundo sobre a exploração mineira.