Regressemos a Utah, 1998. Os Chicago Bulls de Michael Jordan viajavam até ao Delta Center para selarem a conquista do sexto campeonato em oito temporadas frente aos Jazz. Jordan roubou a bola a Karl Malone e correu para o ataque. Vestiu a farda de provocador, que usara ao longo da carreira, sentou o defensor com um crossover e, como dizem os americanos… nothing but net (nada a não ser rede). John Stockton tentou responder nos poucos segundos que restavam, mas falhou o triplo.

Foi a última vez que Michael Jordan, que celebra esta sexta-feira 60 anos e é por muitos considerado o melhor basquetebolista de sempre, venceu um campeonato da NBA. Lembrar um dos momentos mais icónicos da vida de Jordan em Utah não é um acaso. No dia do aniversário da lenda dos Chicago Bulls, arranca o fim de semana All-Star da NBA onde vão estar os melhores jogadores da liga norte-americana de basquetebol. Um dos jogos que inaugura o evento é o Jordan Rising Stars, um torneio em que participam quatro equipas constituídas por jogadores no primeiro ou no segundo ano na NBA e atletas que competem na G League, campeonato de desenvolvimento de jovens talentos (que terá também o “seu” jogo, com a presença de Neemias Queta), e que é patrocinado pela marca com o mesmo nome da lenda dos Bulls.

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No evento destinado aos menos experientes vai participar Jalen Duren que é o jogador mais jovem da NBA e que atua nos Detroit Pistons. A pick número 13 do draft de 2023 nasceu a 18 de novembro de 2003 (19 anos), sete meses depois de Michael Jordan ter deixado em definitivo o basquetebol depois de uma carreira de 15 temporadas com uma experiência no basebol e um interregno de três anos pelo meio antes de regressar ao ativo nos Wizards. Para Jalen Duren, Bad Boys são os miúdos que viajam na fila de trás do autocarro e não os Pistons dos anos 80 e 90 com quem Jordan travou duelos intensos.

Apesar das diferenças geracionais, Michael Jordan continua a ser uma figura transversal que mesmo quem nunca o viu jogar reconhece como uma das maiores figuras do desporto. Afinal, conquistou seis títulos noutras tantas idas às finais, sendo que em todas elas se sagrou MVP. Foi ainda considerado cinco vezes o melhor jogador da fase regular, foi 14 vezes All-Star e uma vez jogador defensivo do ano.

Foi nos Chicago Bulls que realizou os maiores feitos da carreira. O jumpman, junto de Scottie Pippen e Dennis Rodman e sob o comando de Phil Jackson, criou uma dinastia, dominando os anos 90 e dando à equipa da Cidade do Vento os únicos títulos que tem no palmarés.

Jordan continua com uma posição vincada na NBA uma vez que é o dono dos Charlotte Hornets, franchise da Carolina do Norte, estado onde o membro que integra a lista dos melhores jogadores dos 75 anos da NBA realizou a universidade.

Com a seleção dos EUA, ganhou duas vezes a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, a primeira em Los Angeles 1984 e a segunda em Barcelona 1992, junto daquela que foi considerada a Dream Team e que juntava na mesma equipa Jordan e os seus maiores oponentes na NBA.

Toda uma carreira a receber do basquetebol o que uma criança agitada nascida em Brooklyn podia pensar ser inalcançável, fez um auto elogio ao competir contra si próprio por deixar de ter concorrência que se equiparasse. O fenómeno foi tal que ainda pouco tinha mostrado na NBA e já era uma alavanca para as marcas. Em 1984 (ano em que entrou na liga), a Nike estimou que podia obter três milhões de dólares em vendas de sapatilhas ao fim de quatro anos. Em 2022, a Nike amealhava três milhões de dólares (2,8 milhões de euros) a cada cinco horas. O antigo jogador recebe 5% do valor a que é vendido cada item da Jordan Brand, o que, feitas as contas, lhe rende 150 milhões de dólares ao ano (140 milhões de euros). Além disso, só em contratos desportivos, ao longo da carreira ganhou 90 milhões de dólares (84 milhões de euros).

Para assinalar os 60 anos, Jordan doou dez milhões de dólares (9,34 milhões de euros) à Make-a-Wish, uma organização que cumpre desejos de crianças num estado de saúde crítico. “Nos últimos 34 anos, tem sido uma honra ajudar a trazer um sorriso e felicidade a tantas crianças. Testemunhar a sua força e resiliência durante um período tão difícil das suas vidas foi uma inspiração. Não consigo pensar num presente de aniversário melhor do que ver outras pessoas se juntarem a mim para apoiar a Make-A-Wish, para que cada criança possa experimentar a magia de ter seu desejo realizado”, disse Michael Jordan citado pela organização. Já o presidente e CEO da Make-A-Wish America, Leslie Motter, enalteceu a personalidade o ex-basquetebolista. “O Michael usou o seu aniversário para fazer história na Make-A-Wish o que mostra a qualidade de seu caráter e a sua dedicação para tornar melhor a vida de crianças com doenças críticas”, enalteceu.

O membro do Hall of Fame é ídolo das referências dos mais recentes adeptos da NBA. Kobe Bryant conheceu Michael Jordan pela primeira vez em 1992, sendo que, no final do encontro, deixou uma confissão. “É ótimo quando conheces o teu ídolo, foi uma boa experiência”, comentou a lenda do LA Lakers. Também Lebron James, depois do jogo All-Star de 2022, mostrou admiração: “Parte de mim não estaria aqui sem a inspiração de MJ. Sempre quis ser como ele quando estava a crescer”.