O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse esta segunda-feira que a recusa do ministro quanto ao policiamento gratificado na Movida é “uma decisão política” relacionada com o facto de “não querer reconhecer” que o existente é “insuficiente”.

Aquilo que me parece óbvio é que o sr. ministro [da Administração Interna] pode arranjar as razões que quiser para não querer policiamento gratificado na rua, mas a razão é outra, o sr. ministro não quer policiamento gratificado na rua porque não quer reconhecer que o efetivo da PSP disponível nas ruas não é suficiente. É a única explicação que posso encontrar, agora invocar interesses particulares parece-me desculpa de mau pagador”, afirmou esta segunda-feira, em declarações à Lusa, Rui Moreira.

O autarca, que reagia às declarações do ministro da Administração Interna a propósito do policiamento gratificado na Movida do Porto, afirmou que José Luís Carneiro tentou “encontrar uma forma ardilosa de explicar uma coisa que não é explicável“, ao recusar colocar a PSP “a ser remunerada por interesses particulares”.

MAI recusa “polícia remunerada por interesses particulares” na Movida do Porto

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Falar em interesses particulares relativamente ao policiamento gratificado, a meu ver, é incompreensível face àquilo que nós vemos”, afirmou, dando como exemplo a realização de ações gratificadas da PSP em supermercados, lojas de compra e venda de ouro ou recintos desportivos.

“É uma decisão política do sr. ministro que tem como base não querer reconhecer que, de facto, o policiamento existente nas ruas da Movida hoje é insuficiente”, afirmou esta segunda-feira, em declarações à Lusa, Rui Moreira”, reforçou Rui Moreira.

Em declarações aos jornalistas, à margem do aniversário do Comando Distrital da PSP de Bragança, José Luís Carneiro recusou esta segunda-feira colocar a PSP a fazer serviço gratificado na Movida do Porto, zona que concentra a maioria dos espaços de diversão noturna.

Nós não devemos colocar a Polícia a ser remunerada por interesses particulares, nomeadamente no período noturno que é um período em que há níveis de ameaças e de riscos e em que há fluxos cuja natureza exige uma independência, uma isenção e uma imparcialidade a toda a prova”, afirmou o governante.

Num esclarecimento enviado à Lusa, o Ministério da Administração Interna (MAI) completou, posteriormente, as declarações do ministro, afirmando que “a PSP fiscaliza os bares e haveria um conflito de interesses se, ao mesmo tempo, estivesse a prestar serviços remunerados a essas entidades. Como a PSP não fiscaliza a atividade dos supermercados, essa incompatibilidade não se coloca”.

Questionado sobre os esclarecimentos do MAI, Rui Moreira afirmou que “a PSP fiscaliza a segurança nos estádios de futebol e também faz policiamento gratificado nos estádios de futebol“.

Mais uma vez isso não é verdade. É competência da PSP, é competência da Administração Interna garantir a proteção e segurança em todo o espaço público e, se esse é o entendimento do sr. ministro, então não devia haver policiamento gratificado em lado nenhum”, afirmou Rui Moreira.

Dizendo ser “perfeitamente respeitável” que o ministro não queira colocar PSP a fazer policiamento gratificado na Movida do Porto, Rui Moreira destacou, no entanto, que José Luís Carneiro “escusa é de tentar encontrar argumentos que não correspondem à realidade percecionada por todos”.