Era mais do que jogar dois torneios que estava em causa. Era a liderança do ranking mundial recuperada com a vitória no Open da Austrália, era a possibilidade de subir mais dois passos rumo ao top 3 dos jogadores com mais vitórias em torneios ATP, era a hipótese de deixar de vez para trás uma série de episódios iniciados no ano passado em Melbourne relacionados com a não vacinação da Covid-19 (embora a razão da deportação em janeiro de 2022 tenha sido a prestação de informações falsas ao entrar no país). Recuperado da lesão que o apoquentou no primeiro Grand Slam da temporada, Novak Djokovic apostava forte na presença nos EUA para disputar Indian Wells e Miami, que falhara no ano passado pelas supracitadas razões, após perder a oportunidade de somar novo título no Open do Dubai, onde sofreu a primeira derrota do ano com Danill Medvedev nas meias-finais. Por isso, tentou de tudo. Para já, saiu com uma mão cheia de nada.

Djokovic falha torneios nos EUA, proibido de entrar no país sem vacina contra a Covid-19

A ideia era relativamente simples. À semelhança do que aconteceu na Austrália, onde teve um visto provisório especial concedido pelo governo local, o jogador sérvio contava com uma autorização excecional por parte das autoridades norte-americanas para contornar algo que será uma mera questão de tempo, tendo em conta que a partir de 11 de maio deixa de ser obrigatório apresentar o certificado de vacinação contra a Covid-19 para entrar nos EUA. Quando percebeu que o cenário está complicado, começou a tentar várias soluções a par do seu núcleo duro. Nenhuma resultou. E não foi por falta de vontade que a decisão final do Secretário de Estado, do Secretário dos Transportes e do Secretário da Segurança Nacional não mudou.

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“Fizemos questão de realçar o facto de que seria bom para a economia e para a comunidade de Miami contar com um jogador como Novak Djokovic”, apontou James Blake, agora diretor do Masters 1.000 de Miami, à semelhança do que fez também o antigo tenista Tommy Haas, responsável por Indian Wells. E até o US Open, que por começar no final de agosto contará com o sérvio, se colocou ao lado dos torneios por não ter havido essa exceção. “Djokovic é um dos maiores campeões que vimos no nosso desporto. A Associação de Ténis dos EUA e o US Open têm ainda esperança que possa ter êxito na petição para entrar”, defenderam também as duas organizações. “A decisão é má não só para ele mas para os nossos torneios e para os nossos fãs, especialmente pelo relaxamento de restrições que houve no mundo e nos próprios EUA”, destacou ainda Andrea Gaudenzi, italiano que lidera o ATP. Mas esses não foram os únicos apoios do sérvio, que se mexeu também na esfera privada durante as últimas semanas e que continua a lutar por Miami.

De acordo com o The New York Times, Ken Solomon, diretor executivo do Tennis Channel com ligação nos temas económicos a Joe Biden e Barack Obama falou em público da situação e terá abordado também “altos funcionários” próximos do atual e do ex-presidente dos EUA para mudar o cenário: “Quase um milhão de pessoas vão durante estas quatro semanas para o sul da Califórnia e para Miami, o impacto económico disso significa muitos milhões de receitas para as comunidades locais”. Também a IMG, que representa Novak Djokovic e tem o Open de Miami, fez vários contactos em prol do número 1 do mundo, incluindo senadores republicanos como Marco Rubio e Rick Scott que mais tarde escreveram uma carta a Joe Biden. Billy Jean King, uma das maiores tenistas de sempre, procurou também passar a mensagem ao gabinete do líder norte-americano mas até ao momento não existe qualquer desenvolvimento a favor do sérvio.

Desta forma, e depois de ter cancelado a inscrição em Indian Wells que tinha feito à condição, Djokovic deve agora anular também a presença em Miami, o que deverá significar em paralelo que, apesar das tentativas, as atenções do número 1 mundial irão centrar-se mais cedo no período de terra batida, onde fez no ano passado Monte Carlo (segunda ronda), Belgrado (finalista vencido), Madrid (meias-finais) e Roma (vencedor) até Roland Garros, onde caiu nos quartos com o mais titulado de sempre em Paris: Rafa Nadal.