As lágrimas que deixava cair de forma compulsiva após o triunfo frente a Stefanos Tsitsipas na final do Open da Austrália poderiam de ser muita coisa. Da vitória em si, a décima em Melbourne. Do regresso à liderança do ranking mundial. Do recorde de Grand Slams na carreira a par com Rafa Nadal (22). Ao invés, aquelas lágrimas eram sobretudo uma descarga emocional a tudo o que aconteceu no último ano e em particular no mês que antecedeu mais um sucesso na sua terra sagrada que em 2022 lhe fechara a porta depois de ter estado detido e ser levado a tribunal, não apenas pela deportação mas também por todo o impacto que este regresso provocou dentro e fora dos courts com uma lesão à mistura e a rábula do pai com adeptos russos.

Ele estava vacinado, pelo menos para fazer história: Djokovic conquista Open da Austrália, sobe a número 1 e iguala Grand Slams de Nadal

Desde aí, o sérvio tem estado mais resguardado. Conseguiu debelar o problema muscular na perna esquerda que fez com que tivesse um desabafo indiretamente contra Rafa Nadal durante o Open da Austrália (“Quando outros se lesionam são as vítimas, quando sou eu estou a fingir”, apontou), tem estado a treinar em Belgrado, nos últimos dias aproveitou mesmo as suas instalações no Tennis Center Novak. E enquanto prepara já o próximo desafio da temporada, com a presença no Open do Dubai na próxima semana. Até lá, apenas treina. E nem por isso deixa de bater recordes, como aconteceu esta segunda-feira sem entrar em campo.

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“Quando outros se lesionam são as vítimas, quando sou eu estou a fingir…”: Djokovic ataca dúvidas sobre lesão (falando sem nome de Nadal)

Após recuperar a liderança do ranking mundial apesar de partir para Melbourne apenas como quinto melhor da hierarquia, Djokovic iguala agora o registo de Steffi Graf com 377 semanas como número 1, sabendo já que esse registo vai prosseguir na próxima semana e que se vai isolar em mais um registo que ficará para a história (neste caso, sendo difícil haver alguém que consiga ameaçar esse número). Apesar da façanha, há outros registos na mira do tenista de 35 anos ainda em 2023: está a uma final de igualar Chris Evert como jogador com mais decisões de sempre disputadas em Grand Slam (34-33) e está a dois triunfos de igualar os Majors de Margaret Court (24-22). Com isso, o sérvio irá garantir quase todos os registos de longevidade.

No entanto, e mais do que celebrar feitos, o jogador encontra-se agora à espera que o telefone toque para ficar a saber se terá permissão especial dos EUA para poder entrar no país e realizar os torneio de Indian Wells e Miami tendo em conta que as provas se realizam ambas em março e apenas em maio cairá a regra da proibição de entrada de todas as pessoas que não estejam vacinadas contra a Covid-19. O resto da época está dependente dessa decisão, depois da recusa que teve em 2022 com tudo o que isso correspondeu a nível de pontos no ranking. Para o Dubai, e tal como no ano passado, Djokovic não tem qualquer problema.

Apontou para coração, cabeça e perna, chorou e pediu desculpas à família. “Foi a maior vitória de sempre”, admite Djokovic

“Sei tudo mas ainda não posso dizer nada, peço desculpa… Decidi fazer uma conferência de imprensa e aí vou responder a todas as perguntas que me fizerem. Já tratei de tudo com a minha equipa de relações públicas, os convites irão chegar nos próximos dias”, respondeu Djokovic a uma jornalista sérvia após mais uma sessão de treinos realizada em Belgrado, neste caso com o selecionador sérvio para a Taça Davis e técnico Viktor Troicki, o preparador físico Marko Paniki e o fisioterapeuta Claudio Cimalja.