A estação do reflorescimento e dos dias soalheiros está quase aí, pretexto para começar a procurar vinhos que combinam com ela. Pureza de fruta, notas florais, ou harmonia de conjunto são algumas das características mais proeminentes desta seleção de colheitas que são novidade no mercado, com origem um pouco por todo o país.

Quinta da Rede Grande Reserva branco 2018

Douro Baixo Corgo

Quinta da Rede

€19,90*

13,5%

A Quinta da Rede já tem os seus vinhos no mercado desde 2008, com marca homónima, mas a sua presença era, até há pouco tempo, algo tímida. Felizmente isso tem vindo a mudar, com investimento sobretudo em comunicação, imagem e enologia, marcando uma nova era para o produtor de Santa Cristina, no Baixo Cordo do Douro. Os vinhos já eram muito bons, mas está na altura do mundo saber.

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Feito com as castas Arinto e Rabigato, o Quinta da Rede Grande Reserva branco fermenta e estagia em barricas de carvalho francês. Complexo no aroma, sugere flores secas, vegetação selvagem, frutos secos tipo caju e notas de mel de rosmaninho, tudo apoiado numa base mineral. Na boca mostra imenso carácter e suculência, frescura natural e um pendor exótico na fruta, com toque de infusão de camomila.

(4*) Complexidade e carácter juntam-se a uma ótima aptidão para a mesa.

Quinta dos Termos Fonte Cal Reserva branco 2021

Beira Interior

Quinta dos Termos

€9

(13%)

Região que tem muito para oferecer ao nível da qualidade e individualidade dos vinhos, a Beira Interior merece cada vez mais atenção. Em Belmonte, a Quinta dos Termos trilha desde 2001 um caminho muito próprio, com foco nas castas nacionais e regionais, e na recuperação de algumas variedades bem antigas. A Fonte Cal, presente nas vinhas mais velhas da propriedade e lá misturada com outras castas, foi a primeira a ser reabilitada pelo produtor, tendo sido plantada separadamente em 1997, originando o primeiro vinho varietal em 2003. Hoje, a Quinta dos Termos tem um notável campo de recuperação com 212 clones da casta.
Agora na colheita de 2021, este branco Fonte Cal apresenta nuances bastante fumadas e tostadas no nariz, características da uva, mostrando vegetal seco, leve nota de brioche e flores do campo, a par de especiarias exóticas e casca de citrino. Elegante e fresco, conjuga intensidade de sabores e delicadeza de conjunto, com um longo lado cítrico suave e suculento.

(4*) Branco de carácter único, casta rara, preço ótimo.

Bacalhôa Vinha da Cova da Ursa Chardonnay branco 2021

Regional Península de Setúbal

Bacalhôa Vinhos de Portugal

€13,99*

13%

“Cova da Ursa” é a vinha da Bacalhôa situada na Serra da Ursa, pertencente à Serra da Arrábida, na zona de Azeitão. O monovarietal Chardonnay da empresa está há muitos anos associado a este local — a primeira colheita foi de 1986 — tendo sido o primeiro vinho 100% desta casta em Portugal, e o primeiro branco português fermentado em barricas novas de carvalho francês. Na altura, chamava-se apenas “Cova da Ursa”.

O nariz revela um perfume bonito com notas de flores brancas, vegetal discreto, maçã Golden madura e ameixa branca. A harmonia é evidente na boca, bem como a frescura e precisão dos sabores e da acidez, num branco cremoso, largo, envolvente.

(5*) Chardonnay de nível superior, com excelente preço e muita história.

Falcoaria Late Harvest branco 2016

DoTejo

Casal Branco

€32

13%

Um dos melhores Colheita Tardia portugueses, claramente no top 3 do país. O Falcoaria Late Harvest nasce na Quinta do Casal Branco, em Almeirim, e é um dos “verdadeiros” Colheita Tardia, ou seja, as uvas não são só colhidas mais tarde para obter maior doçura, têm de ter desenvolvido um fungo (parece mau, mas quando controlado, é positivo para este tipo de vinho) chamado Botrytis Cinerea, conhecido como “podridão nobre”. O resultado aqui é um enorme equilíbrio entre doçura, acidez e secura, grande complexidade de aromas e sabores, e bonita cor âmbar.

De Viognier e Fernão Pires, inunda o nariz com citrinos cristalizados e calda de fruta branca, especiarias e seiva vegetal. Na boca é fino, harmonioso e sedutor, com imensa personalidade e final exótico.

(5*) Num país com pouca cultura de Colheita Tardia, este é de classe mundial.

Susana Esteban A Centenária tinto 2021

Alentejo

Susana Esteban

€33

(13%)

Portalegre é uma sub-região do Alentejo que, nos últimos anos, foi considerada a “next big thing” do Portugal vitivinícola, com as vinhas velhas da Serra de São Mamede a assumirem-se como seu ex-líbris. A produtora Susana Esteban, a trabalhar neste terroir desde 2011, é uma das mais conhecidas de Portalegre e estreou recentemente algumas referências, como este “A Centenária”. O tinto, de 2021, é feito exclusivamente de uvas de vinha velha (com mistura de castas tradicionais da região), estagiadas em barricas de carvalho francês, e resultou em apenas 2500 garrafas de puro luxo.

A complexidade e pureza aromática são aqui notáveis, com combinações “improváveis” entre pétalas de rosa, cogumelos, cereja, regaliz e muita pimenta. Na prova de boca invoca finesse e enorme classe, extrema elegância, sobressaindo as especiarias e um lado picante que lhe dá garra.

(5*) É agarrá-lo antes que esgote.

LV tinto 2019

Alentejo

Lobo de Vasconcellos Wines

€9,90

(13,5%)

Um projeto novo, mas criado por um enólogo com larga experiência e notoriedade, Manuel Lobo de Vasconcellos. Das propriedades familiares no Alentejo — com destaque para a Herdade da Perescuma, sub-região Évora — e no Douro, Manuel Lobo criou marcas com o seu nome, espelhando nelas o estilo que já aportava aos vinhos das suas consultorias enológicas: elegância, precisão, complexidade. Os de entrada de gama alentejanos “LV”, por sua vez, têm uma relação preço/qualidade quase imbatível.

O LV tinto 2019 é um lote de Touriga Nacional, Syrah e Alicante Bouschet, que resultou em muito boa frescura natural e pureza de conjunto, num perfil silvestre e de bosque, mas delicado, com sugestão de bagas vermelhas, nota fumada subtil e pimenta branca. Sedoso na textura, mas muito presente.

(4*) Para impressionar, sem arruinar a carteira.

Mariana Lopes nasceu em 1991 e cresceu no meio de garrafas, provas e conversas de vinho. Começou por estudar Direito, mas acabou no Jornalismo, e hoje cruza a paixão pela escrita e pelo mundo vitivinícola sob o rótulo de WineMariana.