A derrota frente ao Manchester City no Emirates Stadium, não tanto pelo resultado mas pelas forma como os campeões foram melhores sobretudo no segundo tempo, deixou o Arsenal de novo com as típicas dúvidas de quem não ganha o título há quase duas décadas e via o adversário mais direto aproximar-se. Era possível ter a mesma cadência de resultados? Seria apenas fogo de vista? A resposta chegou nos encontros seguintes, com aquilo que tantas vezes se chama de estrelinha à mistura: entre as quatro vitórias consecutivas até a mais um duelo londrino desta vez com o Fulham de Marco Silva, os gunners tiveram dois triunfos nos descontos, o último dos quais com o Bournemouth aos 90+7′ com um fantástico golo de Reiss Nelson. A realidade após a tal derrota mudara e agora era a equipa campeã que receava a campanha do conjunto de Mikel Arteta.

Depois de um empate em Alvalade frente ao Sporting que teve ainda assim poucas mexidas na equipa inicial, e na antecâmara da receção aos leões na segunda mão dos oitavos da Liga Europa, o Arsenal entrava em campo sabendo da vitória do Manchester City com o Crystal Palace que colocava a vantagem em dois pontos (e menos um jogo dos londrinos) e o técnico espanhol tinha uma prioridade bem vincada que passava pela melhoria em termos defensivos. “Estamos a sofrer alguns golos de lance de estratégia, estamos a sofrer muito nos últimos jogos. Dois golos com o Bournemouth, dois golos com o Sporting… Se queremos estar no topo, se queremos continuar a ganhar, temos de conseguir folhas limpas. Temos estado bem a evitar oportunidades aos adversários mas nas últimas duas semanas não fomos tão fortes”, advertia.

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Os gigantes também têm dedos para copos de Crystal

Esse pedido trazia uma outra parte histórica em paralelo: depois dos triunfos com Crystal Palace (2-0 em agosto), Brentford (3-0 em setembro), Chelsea (1-0 em novembro) e Tottenham (2-0 em janeiro), o Arsenal poderia fazer história ao tornar-se a primeira equipa a ganhar fora sem sofrer golos todos os dérbis londrinos. No entanto, teria de alcançar a façanha em Craven Cottage contra um dos conjuntos revelação da temporada após a subida do Championship que só por duas vezes em 13 jogos não marcou jogando em casa, ganhando quase metade desses encontros (seis triunfos, com mais quatro empates e três derrotas). E foi isso que aconteceu, com Mick Jagger nas bancadas a ver uma equipa que não poderia dar mais “Satisfaction” e que promete deixar outros mitos da música em delírio esta época como David Gilmour ou Roger Waters.

Se a ausência de Palhinha já tinha ficado bem patente na parte inicial do jogo do Fulham com o Brentford, com os londrinos completamente dominados e sem capacidade de pressão no corredor central para travar as investidas contrárias, com o Arsenal não foi diferente e o encontro ficou quase decisivo em meia hora. Ainda houve um primeiro golo anulado, num desvio inadvertido de Robinson para a própria baliza após remate de Gabriel Martinelli defendido por Bernd Leno, mas Gabriel Magalhães inaugurou o marcador de cabeça após canto (21′) e Martinelli aumentou em mais uma grande jogada coletiva com desvio na pequena área (29′). O líder ganhava, dominava e fazia o que queria da partida tendo Xhaka em tarde de inspiração e o discreto mas sempre eficiente Trossard a fazer a sua terceira assistência para Odegäard aumentar para 3-0 (45+2′).

Marco Silva tinha muito trabalho pela frente no descanso, não tanto para tentar ainda ir buscar pontos num encontro que estava condenado mas pela reação a que a equipa estava obrigada após 45 minutos que não refletiram em nada o que o Fulham tem feito na presente temporada. Por aí, o objetivo foi concretizado: os visitados não criaram grandes ocasiões de golo mas conseguiram estancar o volume ofensivo de um Arsenal que foi também pensando na partida com o Sporting da próxima quinta-feira. E foi assim que os minutos foram passando, ainda com dois sustos perto da baliza de Ramsdale mas sem alterar o resultado e de novo os cinco pontos de avanço do Arsenal na liderança da Premier League a 11 jornadas do final – com essa boa notícia do regresso à competição de Gabriel Jesus depois de quatro longos meses de ausência.