A Câmara de Torres Vedras e a Comissão de Utentes do Centro Hospitalar do Oeste manifestaram esta segunda-feira descontentamento e preocupação pelo encerramento noturno da urgência pediátrica do hospital local, alegando que a população fica desprovida de cuidados.

Estamos muito aborrecidos e vamos fazer chegar ao senhor ministro [da Saúde] esse descontentamento”, disse à agência Lusa a presidente da Câmara de Torres Vedras, Laura Rodrigues (PS), reagindo ao anúncio do encerramento do serviço de urgência de Pediatria do hospital local, a partir do dia 01 de abril.

Para a autarca trata-se de “um erro” para o qual já tinha alertado o Ministério da Saúde e que deixa Torres Vedras “completamente desprovida [de urgências pediátricas], entre outras coisas das quais têm sido desprovida, em termos de saúde”, disse, lembrando que o concelho “tem sido muito maltratado ao longo dos últimos anos”.

A Direção Executiva do SNS anunciou esta segunda-feira que no âmbito da estratégia de reorganização do serviço de urgência de Pediatria na Região de Lisboa e Vale do Tejo nenhum dos 14 Serviços de Urgência de Pediatria encerra definitamente.

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Porém, no Hospital de Torres Vedras, por exemplo, o serviço irá encerrará entre as 21h00 e 09h00 a partir de 01 de abril.

Para Laura Rodrigues, nada justifica “uma decisão desta natureza, mesmo invocando aquilo que algumas vezes se invoca, que em Torres Vedras existe mais medicina privada do que noutros lados”.

A medicina privada tem as urgências pediátricas encerradas também durante a noite”, afirmou, considerando que com este encerramento o concelho fica “completamente desprovido de atenção relativamente àquilo que é a urgência pediátrica” no período noturno.

Não havendo urgência pediátrica em Torres Vedras, no período noturno, os utentes deste hospital “terão que recorrer às Caldas da Rainha”, a mais de 40 quilómetros de distância, onde o serviço se manterá em funcionamento 24 horas.

Contactado pela agência Lusa, o porta-voz da Comissão de Utentes do Centro Hospitalar do Oeste, Vitor Dinis, disse ver com “muita preocupação” este encerramento, atendendo à “situação em que se encontra a saúde no Oeste”, não apenas no que toca à pediatria, mas “a todos os níveis”.

A Comissão, que na última década tem chamado a atenção do Governo para a falta de cuidados de saúde na região, não esconde “revolta e indignação” pela falta de respostas do Ministério da Saúde, que acusa de, nestas situações, não ter “uma sensibilidade maior para que, pelo menos o pouco que existe, funcione”.

Tanto mais que o encerramento desde serviço “vai sobrecarregar o Hospital das Caldas da Rainha“, causando “uma saturação que passa para [o hospital de] Santarém e depois para Santa Maria e por aí fora”, alertou Vitor Dinis.

Com esta medida, o Hospital de Torres Vedras junta-se ao de S. Francisco Xavier (Lisboa) e Beatriz Ângelo (Loures), as três unidades com este serviço encerrado durante a noite.

Em comunicado a, Direção Executiva do SNS alegou que “o Centro Hospitalar do Oeste (CHO) — Unidade de Torres Vedras — em geral já não conseguia cumprir no período noturno com os requisitos dos serviços de urgência de pediatria”.

O hospital de Torres Vedras faz parte do CHO, que integra ainda as unidades das Caldas da Rainha e de Peniche.

O CHO tem uma área de influência constituída pelas populações destes três concelhos e ainda dos de Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estêvão das Galés e Venda do Pinheiro), abrangendo 298.390 habitantes.