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Yevhen Mezhevyi, um ucraniano de 40 anos, vivia em Mariupol, cidade da Ucrânia que esteve cercada pelas tropas russas no ano passado e que Putin visitou este sábado à noite. Foi levado pelas tropas russas pouco tempo depois do início da invasão, em fevereiro do ano passado, esteve preso durante 45 dias e, quando foi libertado, percebeu que os seus três filhos — de 13, 9 e 7 anos — tinham sido levados para Moscovo.
No entanto, ao contrário daquela que terá sido a história de dezenas de crianças ucranianas, os três filhos de Yevhen Mezhevyi conseguiram sair de Moscovo. “Foi muito difícil entrar na Rússia a partir dos territórios ocupados e fui interrogado, uma e outra vez, mesmo já tendo passado 45 dias na prisão deles. E só queria encontrar os meus filhos”, contou este ucraniano, que atualmente vive com os filhos em Riga, capital da Letónia, ao Guardian.
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Quando os militares de Moscovo invadiram Mariupol, Yevhen Mezhevyi e os seus três filhos dormiram em abrigos, sem água e sem eletricidade. Depois, abrigaram-se num dos hospitais, onde estavam enfermeiros e alguns médicos voluntários. E acabou por ajudar a enterrar os cadáveres de quem morria naquele hospital.
Mas a sua estadia naquele hospital terminou a 17 de março. Neste dia, acordou com a voz do filho: “Pai, os soldados russos estão nas escadas”. A família foi então obrigada a ir com os militares e pararam numa cidade perto de Mariupol, onde foram analisados os documentos de cada um.
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Quando os homens do exército de Putin perceberam que Yevhen Mezhevyi fez parte do exército ucraniano entre 2016 e 2019, obrigaram-no a ir para outro local, deixando os filhos naquela cidade. Sem saber por quanto tempo, garantiram os russos: “Pode ser por duas horas, pode ser por sete anos”.
As três crianças ficaram com uma mulher que estava também no abrigo e Yevhen Mezhevyi foi para a cadeia de Olenvinka, em Donetsk, onde estavam também outros prisioneiros de guerra. Quarenta e cinco dias depois, quando saiu da prisão, o ucraniano de 40 anos quis regressar para junto dos filhos, mas percebeu que as crianças tinham sido levadas “para um acampamento”, em Moscovo, e que seriam entregues a uma família de adoção ou a um orfanato.
Foi aí que decidiu que ia conseguir trazer os seus filhos de volta. Com a ajuda de voluntários, Yevhen Mezhevyi conseguiu entrar na Rússia e apanhar um comboio que o levou até Moscovo. Depois, conseguiu encontrar o acampamento, que ficava nos arredores de Moscovo: “Fiquei chocado quando vi que o acampamento tinha um portão gigante e guardas armados”.
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“Quando estava a preencher o último documento, ouvi a voz de uma das minhas filhas e parei. Elas correram e abraçámo-nos”, contou o pai. Já com os filhos, conseguiram atravessar, mais uma vez, o território russo. Pararam na Letónia, onde estão neste momento.