Num dia marcado pela cerimónia oficial de adesão da Finlândia à NATO, o secretário-geral da Aliança Atlântica realçou que “0s amigos e os alidos são mais importantes do que nunca”. Stoltenberg confirmou também que “não vai haver tropas da NATO [no país] sem o consentimento da Finlândia”.

Do lado russo, Serguei Shoigu alertou que a entrada do país nórdico na aliança cria riscos de uma expansão significativa do conflito. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, entende que a entrada da Finlândia na NATO é uma “invasão da segurança” da Rússia e dos seus “interesses nacionais”.

Por cá, Vitali Klischko recebeu a Chave da Cidade de Lisboa nos Paços do Concelho. O autarca de Kiev convidou ainda Carlos Moedas a visitar a cidade ucraniana este ano, e a resposta do presidente da Câmara de Lisboa foi imediata. “Eu vou. É importante. Eu vou”.

Eis os outros acontecimentos relevantes deste, o 405º dia do conflito.

O que aconteceu durante a noite:

  • O Exército Nacional Republicano (NRA), uma milícia clandestina russa que se opõe ao Kremlin, reivindicou hoje o atentado à bomba que vitimou o blogger militar russo Vladen Tatarsky no domingo. A organização refere ainda que o ataque ”foi preparado e executado por nós de forma independente”, rejeitando as acusações russas de envolvimento ucraniano
  • Os militares ucranianos continuam a aguentar os ataques russos na zona de Donetsk. De acordo com informações avançadas pelo Estado Maior ucraniano, nas últimas 24 horas foram repelidos mais de 45 ataques só em Bakhmut, com uma série de outras operações ofensivas Avdiivka e Marinha, e em Lyman, perto da fronteira com Lugansk.
  • Jen Stoltenberg convidou Volodymyr Zelensky a marcar presença na cimeira da NATO em Vilnius, capital da Lituânia, no próximo mês de julho.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, insistiu hoje que a adesão da Ucrânia à NATO durante o conflito iniciado com a invasão russa em 2022 está fora de questão, apesar da insistência do homólogo ucraniano.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, apelou hoje à Turquia e Síria, durante um encontro em Moscovo, para demonstrarem “flexibilidade máxima” e uma posição construtiva no processo de normalização das relações bilaterais.

O que aconteceu durante a tarde:

  • Jan Stoltenberg confirmou que se mantém em contacto com as autoridades da Turquia para estabelecer um mecanismo trilateral no qual seja possível negociar a entrada da Suécia na NATO. O ministro dos Negócios Estrangeiros João Gomes Cravinho disse que prevê que até à próxima cimeira da NATO, em julho deste ano, a adesão da Suécia à aliança também esteja resolvida;
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Tobias Billstrom, afirmou hoje que o seu país vai beneficiar da segurança fornecida pela Finlândia com a adesão à NATO hoje formalizada, mas também espera ingressar em breve na Aliança Atlântica;
  • O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, apelou hoje à Turquia e à Hungria para aprovarem “sem demoras” a adesão da Suécia à NATO, pouco depois da entrada oficial da Finlândia na Aliança Atlântica;
  • Os Estados Unidos anunciaram hoje um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, no valor de cerca de 2.6 mil milhões de dólares (cerca de 2.37 mil milhões de euros), avança a CNN Internacional;
  • O Conselho dos Direitos Humanos da ONU exigiu à Rússia que autorize organizações internacionais a visitar crianças e outros civis “deportados à força” da Ucrânia para territórios controlados por Moscovo. A comissária russa para a infância, Maria Lvova-Belova, alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI), declarou-se disposta a devolver à Ucrânia crianças deportadas, se as respetivas famílias o solicitarem;
  • Vladimir Putin demitiu mais um dos seus generais de topo, após um ataque ucraniano em Vuledar ter terminado na destruição de dezenas de tanques. De acordo com o Moscow Times, que cita fontes do Ministério da Defesa russo, o general Rustam Muradov foi demitido como punição por mais este falhanço militar;
  • Putin convidou ainda o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para uma visita à Rússia, anunciou o Kremlin esta terça-feira. Esta quarta-feira é o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, quem vai viajar até Moscovo para dois dias de discussões com Putin;
  • Cerca de 70 jornalistas independentes e representantes da sociedade civil russa pediram em carta aberta às autoridades a libertação do repórter do Wall Street Journal (WSJ), Evan Gershkovich, detido na quarta-feira na Rússia por espionagem. Em comunicado, o jornal revelou que Gershkovich já se encontrou com os seus advogados;
  • O Conselho da ONU para os Direitos Humanos votou a favor do prolongamento da comissão independente para a investigação de crimes de guerra na Ucrânia, com 28 votos a favor, 2 contra e dezassete abstenções. A China foi um dos países que votou contra.

O que aconteceu durante a manhã:

  • Reagindo à entrada da Finlândia na NATO, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, considerou que “não há melhor solução para assegurar a segurança de todo o eixo europeu do que a entrada da Ucrânia” na aliança atlântica;
  • O presidente da câmara de Kiev, Vitali Klischko, reafirmou hoje, em Lisboa, a denúncia de que a guerra da Rússia contra a Ucrânia visa destruir o povo ucraniano. O autarca ucraniano recebeu a Chave da Cidade de Lisboa das mãos de dois ucranianos, pai e filho, nos Paços do Concelho;
  • No mesmo dia em que o o Ministério da Saúde russo atualizou para 40 o número de feridos da explosão de domingo o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, disse acreditar que o ataque que vitimou o blogger militar Vladen Tatarsky se tratou de um “ato terrorista” cometido por Kiev. A ativista anti-guerra Darya Trepova foi formalmente acusada esta terça-feira;
  • As forças ucranianas que defendem a parte da cidade de Bakhmut (leste) que está ainda sob o seu controlo repeliram na segunda-feira 32 ataques das forças russas, informou esta terça-feira o Estado Maior das Forças Armadas da Ucrânia. Terão ainda sido abatidos 14 dos 17 drones que a Rússia lançou durante a noite;
  • No seu habitual briefing, o Ministério da Defesa do Reino Unido considerou provável que a Rússia esteja a procurar patrocinar e desenvolver alternativas ao grupo Wagner — nomeadamente empresas militares privadas;
  • As Forças Armadas da Ucrânia estimam em cerca de 175.690 os soldados russos mortos em combate, incluindo mais 528 nas últimas 24 horas, desde o início da guerra;
  • O alto-representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borell, disse que “a China tem o dever moral de contribuir para uma paz justa e não pode estar do lado do agressor”, declarações aos jornalistas após uma reunião com o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken em Bruxelas.

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