As Nações Unidas apelaram esta quarta-feira aos líderes políticos e religiosos israelitas e palestinianos para que rejeitem provocações e incitamento à violência após os incidentes desta madrugada na mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém.
O enviado da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, criticou “os aparentes ataques aos palestinianos pelas forças de segurança israelitas” e condenou também o “armazenamento e uso de fogo-de-artifício e pedras por palestinianos dentro da mesquita”.
“Os líderes das partes envolvidas devem agir com responsabilidade e evitar medidas que possam aumentar as tensões“, afirmou num comunicado divulgado na rede social Twitter.
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O enviado da ONU acrescentou que este período de férias religiosas, nomeadamente o Ramadão — mês sagrado para os muçulmanos —, “deve ser para uma reflexão segura e pacífica”.
Da mesma forma, Wennesland enfatizou que “o estatuto histórico dos lugares sagrados deve ser mantido (…)”.
O enviado da ONU afirmou que “o papel do departamento de assuntos da mesquita Al-Aqsa é vital e deve ser capacitado para que possa cumprir o seu papel crucial”.
Wennesland também condenou o disparo “indiscriminado” de projéteis da Faixa de Gaza, posteriormente aos incidentes na mesquita, sublinhando que estes são atos “inaceitáveis” que “devem parar”.
“A ONU permanece em contacto próximo com todas as partes envolvidas para reduzir as tensões”, afirmou.
O exército israelita assegurou esta quarta-feira que a intervenção de agentes da polícia na mesquita Al-Aqsa ocorreu após uma “tentativa de negociação” para a saída de centenas de palestinianos que se tinham barricado no templo.
Os incidentes, ocorridos durante a madrugada desta quarta-feira, resultaram em mais de 300 detidos.
O porta-voz do exército israelita Daniel Hagari disse que “cerca de 400 jovens palestinianos de Jerusalém Oriental” se tinham barricado na mesquita.
A polícia israelita tentou negociar a evacuação do local, sem sucesso, e os agentes acabaram por entrar no templo, “onde foram recebidos com violência”, segundo o porta-voz.
A intervenção da polícia foi condenada pela Autoridade Nacional Palestiniana, que advertiu que os distúrbios podem “causar uma grande explosão” de violência e exortou o Governo de Israel “agir com responsabilidade”.
A União Europeia (UE) manifestou-se esta quarta-feira preocupada com os incidentes e salientou a necessidade de se respeitar o estatuto dos locais santos de Jerusalém.
A Esplanada das Mesquitas é o coração religioso de Jerusalém Oriental, tendo a sua construção começado no século VII. Foi construída no local do Templo Judaico de Salomão destruído pelos romanos em 70 d.C., de que restou o Muro das Lamentações, localizado abaixo.
A esplanada cobre 14 hectares com vista para a Cidade Velha de Jerusalém e situa-se no setor palestiniano da cidade, ocupada e anexada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
É o terceiro local mais sagrado do Islão — depois da Grande Mesquita de Meca e da Mesquita do Profeta de Medina, na Arábia Saudita — e o mais sagrado do judaísmo.
A Esplanada das Mesquitas é um “barril de pólvora”, onde o menor incidente pode provocar distúrbios.
Depois de ter tomado o controlo da Esplanada das Mesquitas e do resto da Cidade Velha de Jerusalém, Israel permitiu que a Jordânia continuasse a manter a autoridade religiosa no local.