As alegadas más práticas no serviço de cirurgia geral do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), em Faro, vão ser avaliadas por uma comissão técnico-científica composta por peritos independentes.

A criação da comissão independente da Ordem dos Médicos (OM) foi decidida esta terça-feira durante uma reunião da OM com o ministro da Saúde, Manuel Piçarro, e comunicada em conferência de imprensa pelo bastonário.

Apesar de a OM ter “um conjunto de órgãos técnico-científicos, como o Colégio de Cirurgia Geral, e o Conselho Disciplinar”, foi entendido que “perante a especificidade e a gravidade das queixas transmitidas era importante existir uma intervenção célere e consequente, para salvaguardar a segurança dos cuidados de Saúde no Hospital de Faro e para que as práticas médicas corretas sejam cumpridas”, explicou Carlos Cortes.

“Não obstante, entendemos que há um conjunto de entidades que têm um papel muitíssimo importante que não podem ser desvalorizadas, nomeadamente o próprio hospital, que vai ter um papel de avaliação interna, e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, com a qual a Ordem dos Médicos está desde o primeiro lugar em contacto”, salientou o bastonário.

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Os detalhes dos casos de alegadas más práticas no Hospital de Faro denunciados por uma médica interna

A OM teve conhecimento das queixas sobre o serviço de cirurgia geral do CHUA, feitas por uma médica interna, no final da semana passada. Estas foram de imediato remetidas ao Conselho Disciplinar do Sul da OM e a uma série de diferentes organismos: Ministério Público, Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, Entidade Reguladora de Saúde, Ministério da Saúde, Administração Regional de Saúde do Algarve e o próprio conselho de administração do hospital, ao qual foram pedidas “explicações urgentes”.

Carlos Cortes garantiu que vai acompanhar, na qualidade de bastonário da OM, a “situação de forma próxima”, “em conjunto com o Conselho Regional do Sul e o Conselho da Sub-Região da Ordem dos Médicos”.

Ministério da Saúde “firmemente comprometido com a melhoria da satisfação” dos profissionais de saúde

Em comunicado, o Ministério da Saúde reforçou o anunciado por Carlos Cortes, afirmando que “perante as informações veiculadas na comunicação social”, foi definido “como orientação ao Conselho de Administração do CHUA a solicitação à Ordem dos Médicos da realização de uma avaliação pericial sobre a qualidade do serviço de cirurgia do Hospital de Faro”.

A tutela, que afirmou não ter recebido diretamente qualquer denúncia de más práticas no hospital, declarou estar “firmemente comprometido com a melhoria da satisfação, motivação e liderança técnica dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que, pela natureza da profissão, exercem a suas funções em condições de grande exigência”.

“Simultaneamente, é preocupação permanente da tutela fomentar a humanização, qualidade e inovação dos cuidados de saúde que o SNS presta a todos os utentes”, acrescentou.