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Os Estados Unidos acreditam que o secretário-geral da ONU, António Guterres, está “demasiado disposto” a aceitar os interesses russos, de acordo com uma notícia da BBC que tem como base documentos secretos norte-americanos sobre a Ucrânia.

A BBC afirma que os documentos revelados nas redes sociais contêm observações sobre António Guterres “e de vários líderes africanos” sobre a guerra na Ucrânia sendo que um dos ficheiros secretos refere-se ao transporte de cereais que faz parte do acordo firmado no ano passado entre a Ucrânia e a Rússia, após a intervenção da ONU e da Turquia.

Alegadamente, o documento sugere que António Guterres estava tão interessado em preservar o acordo que estava “disposto a aceitar” os interesses da Rússia.

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“Guterres salientou os esforços para melhorar a capacidade de exportação por parte da Rússia (…) mesmo que isso envolvesse entidades ou indivíduos russos sancionados”, diz a BBC citando o mesmo ficheiro secreto.

As atitudes de Guterres no passado mês de fevereiro, de acordo com a avaliação que supostamente consta dos mesmos documentos norte-americanos, estavam “a minar os esforços mais amplos para responsabilizar Moscovo pelas ações na Ucrânia”.

Segundo a notícia assinada pelo jornalista Paul Adams, da estação pública britânica, os documentos secretos tornados públicos recentemente sugerem que Washington “tem estado a acompanhar de perto” António Guterres.

“Vários documentos descrevem comunicações privadas envolvendo Guterres” e o adjunto do secretário-geral das Nações Unidas, indica a BBC na notícia publicada esta quinta-feira no portal oficial da estação.

A notícia da BBC refere ainda que “funcionários da ONU [que não são identificados] estão claramente descontentes com a interpretação norte-americana dos esforços de Guterres”, afirmando que o secretário-geral da ONU tornou muito clara a “oposição à guerra”.

Na terça-feira, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou que a Administração norte-americana “leva muito a sério” a investigação sobre os supostos documentos do que foram divulgados em redes sociais.

“Não posso dizer muito porque o Departamento de Justiça está a investigar, mas tomamos este assunto com muita seriedade”, disse o responsável máximo pelo Pentágono em conferência de imprensa.

Durante a última semana foram publicados nas redes sociais vários documentos militares e dos serviços de informações dos Estados Unidos, datados de fevereiro e março, relacionados com a invasão russa da Ucrânia e com alegados detalhes sobre os planos do “ocidente” no apoio a Kiev.

Os documentos, cuja autenticidade ainda não foi oficialmente confirmada, também apontam que os Estados Unidos vigiaram alguns dos países aliados de Washington, como a Ucrânia, Coreia do Sul ou Israel.