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epa10543351 Ukrainian soldiers from an anti-aircraft unit are seen in position, at an undisclosed location near the frontline city of Bakhmut, eastern Ukraine, 25 March 2023 The frontline city of Bakhmut, a key target for Russian forces, has seen heavy fighting for months. Russian troops on 24 February 2022, entered Ukrainian territory, starting a conflict that provoked destruction and a humanitarian crisis.  EPA/ROMAN CHOP
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ROMAN CHOP/EPA

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Fuga de documentos secretos do Pentágono sobre a guerra na Ucrânia. O que se sabe até agora?

A veracidade dos documentos confidenciais do Pentágono ainda está em investigação, mas as informações divulgadas nos últimos dias já obrigaram Kiev a mudar a estratégia militar.

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Acompanhe aqui as últimas notícias sobre a guerra na Ucrânia 

São cerca de 100 documentos, muitos com o carimbo “top secret”, e deveriam ter continuado na gaveta do Pentágono. Mas uma fuga de informação, que está ainda sob investigação, revelou vários detalhes sobre a guerra na Ucrânia e sobre o que poderá acontecer no terreno nos próximos tempos. Os documentos, que terão sido produzidos entre fevereiro e início de março, começaram a ser divulgados no mês passado através da plataforma Discord, mas foram noticiados na semana passada pelo The New York Times, que revelou os “planos secretos dos Estados Unidos e da NATO” para ajudar o exército ucraniano.

Kremlin recusa envolvimento em divulgação de documentos secretos: “Culpar a Rússia por tudo tornou-se uma doença comum”

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Ainda há muitas dúvidas, o FBI está a investigar a origem da divulgação da informação confidencial, mas tudo indica que a maioria dos documentos são verdadeiros. E não há só informação sobre a Ucrânia nos documentos fotografados em cima de uma mesa e cujas páginas têm marcas de ter sido dobradas.

Que informações sobre a Ucrânia estão nestes documentos?

Uma das informações que surgiu nos últimos dias e que tem sido mais discutida é a diminuição dos stocks de mísseis dos sistemas de defesa aérea ucranianos. Se as informações estiverem corretas, a Ucrânia poderá ver esgotados os mísseis S-300 e os sistemas de defesa aérea Buk até ao próximo dia 3 de maio. E um dos grandes problemas é que estes sistemas compõem 89% do total de defesa anti-aérea da Ucrânia. Segundo os documentos divulgados pelo New York Times, a capacidade de defesa aérea ucraniana poderá ficar “completamente reduzida” a 23 de maio.

Mas o mesmo jornal divulga mais informações: Moscovo poderá estar a preparar-se para eliminar os tanques que os países da NATO estão a enviar para a Ucrânia, oferecendo um extra a quem conseguir provocar estragos ou mesmo destruir estes meios. E ainda sobre o armamento, os documentos secretos revelam que os Estados Unidos preparam uma análise sobre a hipótese colocada em cima da mesa de Israel enviar armamento para a Ucrânia.

Moscovo poderá estar a preparar-se para eliminar os tanques que os países da NATO estão a enviar para a Ucrânia, oferecendo um extra a quem conseguir provocar estragos ou mesmo destruir estes equipamentos.

E há também informação sobre a cidade de Bakhmut, onde as tropas russas e ucranianas tentam, todos os dias, ganhar terreno. A avaliação feita revela alguma preocupação para o lado ucraniano, indicando que “as forças ucranianas, a partir de 25 de fevereiro, foram praticamente cercadas pelas forças russas em Bakhmut”.

Além desta informação mais específica, há ainda mapas com a localização do armamento ucraniano, com a avaliação das condições do solo ucraniano para os próximos meses e calendários com datas em que Kiev recebe armamento.

Há informações sobre outros países?

O grupo Wagner também surge entre as informações divulgadas e não só no contexto da guerra na Ucrânia. O grupo de mercenários russo conseguiu ganhar dimensão, segundo os documentos, em várias partes do mundo, sobretudo no continente africano.

Fuga de documentos. Ucrânia pode ficar sem stock para defesa aérea a 3 de maio

Depois, aparecem também informações sobre aliados norte-americanos, como Coreia do Sul e Israel. No caso da Coreia do Sul, é indicado que os Estados Unidos reuniram esforços para espiar altos funcionários sul coreanos, com o objetivo de conseguir informações sobre a venda de armas aos Estados Unidos, que seguiriam depois para a Ucrânia.

De acordo com a informação divulgada, dois altos funcionários de Seul discutiram a melhor forma de conseguir fazer chegar armamento sul-coreano a Kiev — e que tinha sido solicitado por Washington — sem violar o princípio de não cedência de meios letais a um país em guerra: vendendo os meios à Polónia, e a partir daí enviá-los para a Ucrânia.

O tema suscitou controvérsia na Coreia do Sul e deverá, segundo a CNN, ser suscitado pelas autoridades sul-coreanas juntos dos responsáveis norte-americanos.

Todas as informações que constam nos documentos são credíveis?

Este é um dos pontos que o FBI está a investigar desde sexta-feira. As autoridades norte-americanas estão neste momento a tentar perceber se os documentos foram alterados com recurso a programas de edição de texto e de fotografias, mas tudo indica que a maioria dos documentos secretos seja verdadeira.

De acordo com o Times, já foram identificados alguns documentos modificados, sendo um deles relativo às estimativas do número de mortos na Ucrânia. Um dos documentos aponta para mais vítimas dentro das tropas de Kiev do que aquilo que tem vindo a ser divulgado e menos mortos entre o exército de Putin.

De acordo com o Times, já foram identificados alguns documentos modificados, sendo um deles relativo às estimativas do número de mortos na Ucrânia. Um dos documentos aponta para mais vítimas dentro das tropas de Kiev do que aquilo que tem vindo a ser divulgado e menos mortos entre o exército de Putin, o que levou alguns analistas a admitir a possibilidade de a fuga de dados ser, na verdade (e pelo menos em parte) desinformação, e a levantar a suspeita de que a Rússia poderá estar por trás desta divulgação.

Quem divulgou a informação?

Ainda não é claro e é também outro ponto que está ainda em investigação. Para já, sabe-se que os cerca de 100 documentos começaram a circular no Discord, uma plataforma seguida maioritariamente por utilizadores de videojogos e que serve como chat. De acordo com o Bellingcat, que explicou como terá começado a circular esta informação, os primeiros dez documentos foram partilhados através do servidor Minecraft Earth Map no dia 3 de março.

Mas existem também suspeitas de que outros documentos tenham aparecido alguns dias antes noutro servidor, que é gerido por um conhecido youtuber, chamado WowMao. Depois de aparecerem na plataforma Discord, os documentos começaram a ser partilhados no Telegram, no site 4Chan e no Twitter.

De acordo com o Bellingcat, que explicou como terá começado a circular esta informação, os primeiros dez documentos apareceram através do servidor Minecraft Earth Map no dia 3 de março. Mas existem também suspeitas de que outros documentos tenham aparecido alguns dias antes noutro servidor.

Alguns analistas, adiantou o Times, admitiram que, pelo menos, a desinformação que circula relativa aos documentos alterados pode ter mão de Moscovo. E, do lado ucraniano, também já foram feitas acusações contra a Rússia. Ao New York Times, Mykhailo Podolyak, conselheiro de Zelensky, defendeu que os documentos têm informações falsas e disse que “não existe a mais pequena dúvida de que este é mais um elemento da guerra híbrida” que Moscovo quer montar. “A Rússia está a tentar influenciar a sociedade ucraniana, semeia o medo, o pânico, a desconfiança e a dúvida”, disse o conselheiro do Presidente ucraniano, acrescentando ainda que esta “é um comportamento típico”.

Mas do outro lado já chegou também uma reação, com a Rússia a negar qualquer envolvimento na divulgação desta informação. Esta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitrii Peskov, referiu que “a tendência para culpar a Rússia por tudo e mais alguma coisa tornou-se uma doença comum”.

O que coloca em causa?

Uma das dúvidas é precisamente o que poderá Moscovo fazer com esta informação. Um antigo funcionário do Pentágono, Mick Mulroy, assumiu, de acordo com o Times, que a divulgação destes documentos, além de ter um impacto significativo em questões de segurança, poderá também representar dificuldades na organização militar da Ucrânia, uma vez que as informações evidenciam os problemas no terreno e, além disso, revelam estratégias militares ucranianas, que poderão ajudar a Rússia a posicionar-se.

Uma das dificuldades que a Ucrânia poderá enfrentar está relacionado precisamente com o sistema de defesa aéreo, que até agora conseguiu manter longe a força aérea de Moscovo. Os documentos -- cuja avaliação terá sido feita a 28 de fevereiro -- revelam que, se a ofensiva se mantiver a este ritmo e caso o Ocidente não envie mais reforços, os stocks de mísseis dos sistemas ucranianos podem acabar no próximo mês de maio.

Uma das dificuldades que a Ucrânia poderá enfrentar está relacionada precisamente com o sistema de defesa anti-aérea, que até agora conseguiu manter longe a força aérea de Moscovo. Os documentos — que alegadamente revelam uma avaliação feita a 28 de fevereiro — indicam que, se a ofensiva se mantiver a este ritmo e caso o Ocidente não envie mais reforços, os stocks de mísseis dos sistemas ucranianos podem acabar no próximo mês de maio.

A Ucrânia mantém a estratégia militar?

Não, mas ainda não são claras quais as mudanças que Kiev pode introduzir em função do que agora foi revelado. Perante a informação que tem vindo a ser divulgada nos últimos dias, fonte próxima do Presidente ucraniano revelou à CNN que Kiev já alterou alguns dos seus planos militares para impedir o avanço das tropas russas.

No entanto, ainda não são conhecidas as linhas dessas alterações, apesar de, esta segunda-feira, Andriy Yusov, porta-voz dos serviços secretos ucranianos, ter dado algumas orientações neste sentido, ao dizer que as necessidades do exército ucraniano foram “discutidas a todos os níveis”. “Não é segredo nenhum que a Ucrânia está a pedir aeronaves, tanques e munições”, acrescentou.

E os Estados Unidos já tomaram medidas?

“Estamos cientes dos relatos das publicações nas redes sociais”, disse Sabrina Singh, porta-voz do Pentágono, na sexta-feira passada. Por agora, os Estados Unidos estão numa fase inicial de investigação e, à Reuters, dois altos funcionários norte-americanos adiantaram que o objetivo é perceber quais as motivações para revelar tais informações.

Já com alguns dias de investigação, o Pentágono voltou a falar sobre o assunto esta segunda-feira e admitiu que a fuga de documentos cria um “risco muito grave” de segurança para os Estados Unidos e “pode potencialmente alimentar a desinformação”.

Chris Meagher, um porta-voz do ministério da Defesa norte-americano, confirmou que “foram adotadas medidas para analisar a forma como este género de informação foi distribuída e a quem”, mas recusou falar sobre a veracidade dos documentos, dizendo apenas que “as fotos parecem mostrar documentos de formato semelhante ao utilizado para fornecer atualizações diárias aos altos responsáveis das operações relacionadas com a Ucrânia e a Rússia”.

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