O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, acusou esta terça-feira o presidente do PSD e a direita em geral de não ter mensagem nem ideias para apresentar aos portugueses e contestou a ideia de que Portugal está a empobrecer.
“A ideia do empobrecimento do país é uma ideia que reside na cabeça do doutor Luís Montenegro, porque felizmente estamos a crescer acima da média da União Europeia, estamos a convergir com a média da União Europeia, aliás, de forma muito contrária àquilo que aconteceu quando o PSD governou o país pela última vez”, declarou João Torres à agência Lusa.
O secretário-geral adjunto do PS reagiu desta forma a declarações feitas pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, após ter sido recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, onde reiterou que “o país está numa rota de empobrecimento”.
João Torres defendeu que “essa é uma narrativa que não tem correspondência com a realidade”, referindo que face à “crise inflacionista atual” o Governo tem mobilizado “apoios muito significativos, muito volumosos para as famílias e para as empresas”.
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O dirigente do PS apontou que “em 2022 foram mobilizados mais de 6 mil milhões de euros para ajudar as famílias e as empresas” e que neste ano “foi mobilizado já um assinalável conjunto de medidas”, uma das quais entrou em vigor, o IVA zero sobre produtos alimentares classificados como essenciais.
“Não obstante estarmos a viver um período de inflação, Portugal foi um dos países que mais cresceu na União Europeia no ano passado, nós estamos a convergir com a média da União Europeia. Em relação aos países com os quais nos devíamos comparar, estamos a crescer mais do que esses países. E, desse ponto de vista, essa afirmação do doutor Luís Montenegro é manifestamente falsa”, argumentou.
João Torres mencionou ainda que segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) “a taxa de risco de pobreza ou exclusão social encontra-se mesmo no nível historicamente mais baixo desde que este registo é efetuado”.
Interrogado se teme que o PSD pressione o Presidente da República para dissolver o parlamento, o número dois da direção do PS sustentou que “essa narrativa da direita, esse desejo íntimo da direita, aliás, procura esconder aquilo que é essencial: que a direita não tem uma única mensagem, uma única palavra, uma única ideia concreta, um único horizonte de esperança e de futuro para dar aos portugueses”.
“Efetivamente, eles não têm uma única ideia concreta para apresentar aos portugueses, não estão à altura de ser alternativa e não há julgo eu também nenhum português que não convirja nesta mesma conclusão”, reforçou.
Segundo o socialista, “ninguém quer eleições antecipadas” em Portugal.
“Essa narrativa da direita é uma narrativa de profundo desrespeito pelas regras do jogo democrático. Os portugueses confiaram ao PS uma maioria nas eleições legislativas de dia 30 de janeiro de 2022. E como tal, em respeito justamente pelas regras do jogo democrático, pela própria Constituição da República Portuguesa, o PS afirma-se e reafirma-se como partido de estabilidade”, afirmou.
Quanto ao papel do chefe de Estado, João Torres considerou que “tem sido muito claro nas suas declarações públicas e tem manifestado por diversas vezes que a sua opção é pela estabilidade política“, escusando-se a comentar as reuniões que Marcelo Rebelo de Sousa “entende ter com as mais diversas formações político-partidárias”.
Após ter sido recebido no Palácio de Belém, Luís Montenegro disse ter transmitido ao Presidente da República que está “apreensivo porque parece que o Governo não está a compreender a real situação em que muitos portugueses vivem e isso é mau porque não augura nada de bom no futuro em termos de mudança de políticas públicas”, reiterando que “o país está numa rota de empobrecimento”.
O presidente do PSD mencionou que foram tratados nesta audiência “vários aspetos que não devem ser tornados públicos”.