O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, criticou as declarações deste sábado de Lula da Silva, na conferência de imprensa com o Presidente da República. Em sentido inverso, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, não disse não perceber o “espanto” com a posição do Presidente brasileiro e descreveu-a como “legítima”. Já o Chega, promete “protestos” contra a presença do Chefe de Estado do Brasil.
Numa publicação da conta pessoal no Twitter, Rui Rocha escreveu que “Lula da Silva veio a solo português atacar a União Europeia (UE), após o líder brasileiro ter dito que a UE “‘se não faz a paz, contribui para a guerra’”.
Lula da Silva veio a solo português atacar a União Europeia, afirmando que esta, "se não faz a paz, contribui para a guerra". Depois de uma sucessão de afirmações vergonhosas de Lula, baseadas na inaceitável equivalência entre invasor e agredido, temos agora a equivalência entre…
— Rui Rocha (@ruirochaliberal) April 22, 2023
Para o líder partidário, o Presidente do Brasil “proferiu uma “sucessão de afirmações vergonhosas”, que estão, na ótica de Rui Rocha, “baseadas na inaceitável equivalência entre invasor e agredido”. “Temos agora a equivalência entre os que agridem e aqueles que dão apoio a quem se defende”, lamentou Rui Rocha, que considera que existe uma “enorme miséria moral nesta argumentação reiterada”.
Rui Rocha salientou que a argumentação de Lula da Silva poderia ser “utilizada” pelo próprio Presidente russo, Vladimir Putin, ou pelo PCP. Ou até mesmo, diz o presidente da IL, por Jair Bolsonaro, antecessor de Lula da Silva, e Matteo Salvini, ministro italiano. “As suas posições e discursos são, estes sim, verdadeiramente equivalentes pelo direito internacional, pela paz e pela liberdade”, conclui o presidente da IL.
PCP concorda com posição de Lula da Silva sobre a guerra
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, reafirmou não perceber o espanto em torno das declarações de Lula da Silva sobre a Ucrânia e criticou os países defendem o caminho de acrescentar armas à guerra.
“Não consigo perceber o espanto sobre as declarações do presidente Lula [da Silva , quando ele, no fundo, aquilo que coloca é uma questão o que é essencial para toda a gente, a necessidade de falar-se mais de paz e menos de guerra”, declarou este sábado Paulo Raimundo.
À margem de um encontro com pescadores, em Peniche, o líder do PCP considerou que as palavras do presidente do Brasil, Lula da Silva, refletem um apelo que “os países, independentemente das opções que tenham investiam todo o seu esforço na construção da paz e não na construção da guerra”.
“É uma aspiração legítima e uma urgência” no momento atual, disse, questionando: “Quantas mais mortes serão necessárias, e quanto mais destruição será necessária para se perceber que o caminho que os povos têm que trilhar é o caminho da paz e não o caminho da guerra”.
“É preciso cada vez mais gente que pressione os apoiantes e os intervenientes na guerra para se sentarem à mesa para as negociações de paz, porque é isso que os povos precisam”, afirmou Paulo Raimundo.
Reagindo aos entendimentos sobre a posição de Lula da Silva, expressos noutros países da Europa, o líder do PCP manifestou estranheza que “face à destruição que está em curso, às mortes e quando o que se impõe é a paz, uma parte dos países da União Europeia acham que o caminho é acrescentar mais armas às armas, mais guerra à guerra, enquanto o povo ucraniano e o povo russo vai morrendo”.
Ventura apela a protestos contra Lula da Silva e atira-se ao líder brasileiro: “Ataca os valores europeus”
O presidente do Chega, André Ventura, apelou este sábado à participação da população nas manifestações do 25 de abril contra a presença de Lula da Silva no Parlamento.
Para André Ventura, a presença do Chefe de Estado “destrói” a “credibilidade das instituições portuguesas”, lembrando os tempos de José Sócrates. “A corrupção endémica não pode ter via verde no Parlamento. Já nos basta a que temos em Portugal. Não podemos importá-la, homenageá-la como se fosse alguma coisa de boa.”
No dia 25 de Abril venham todos ao Parlamento às 9h! Vamos juntar a voz de todos contra Lula da Silva, a corrupção e a promiscuidade de Estado. Por Portugal, pelo Brasil livre, pela Ucrânia.
Lugar do ladrão é na prisão! pic.twitter.com/UJgkwKUR5u— André Ventura (@AndreCVentura) April 22, 2023
Num vídeo partilhado nas redes sociais, o presidente do Chega frisou a “proximidade” de Lula da Silva com os “ditadores sul-americanos”, assim como a “incapacidade de condenar de forma clara a invasão russa da Ucrânia”. “Ataca os valores europeus”, sublinhou André Ventura.
O líder partidário apela assim a uma “resposta” na Assembleia da República, no dia 25 de abril. “Vai ser a maior manifestação de sempre contra um dirigente estrangeiro”, prometeu André Ventura.
Confirmando a presença nos protestos, André Ventura espera que a “força” e a “audácia” das manifestações cheguem ao mundo inteiro”.
Catarina Martins diz não concordar com Lula sobre envio de armas à Ucrânia e reprova manifestações do Chega
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, concorda que é necessário uma “cimeira de paz” por vários países.
Destacando que o BE subscreve a posição portuguesa, Catarina Martins assinalou, em declarações transmitidas pelas televisões, que o Bloco concorda com a ideia do envio de armas para a Ucrânia, para que o país se possa “defender”.
Essa é, no entender de Catarina Martins, uma “diferença de opiniões” com a posição de Lula da Silva. No entanto, a coordenadora do BE salientou que é necessário manter o “consenso internacional”, no que diz respeito à condenação à invasão russa e ao apelo à retirada de tropas.
Além disso, Catarina Martins notou que a “direita radicalizada” tem criado “polémicas sucessivas” com a vinda de Lula da Silva. Para a bloquista, isso é apenas uma estratégia para que o Chega esqueça o facto de ter convidado para uma cimeira um dos maiores apoiantes de Vladimir Putin, Matteo Salvini, e ainda Jair Bolsonaro.