O presidente do PSD, Luís Montenegro, afirmou este domingo que António Costa “mostra medo” dos sociais-democratas e “arrogância e desprezo” ao nada dizer “sobre as trapalhadas dos ministros” do seu Governo relacionadas com a TAP.

Numa publicação na rede social Twitter, pouco depois da transmissão de uma entrevista do secretário-geral do PS à RTP, Luís Montenegro escreveu que “um primeiro-ministro que não responde às preocupações dos portugueses mostra que está fora de prazo”.

“Não dizer nada sobre as trapalhadas dos ministros e fazer de conta que a TAP não é nada com ele mostra arrogância e desprezo pelo dinheiro das pessoas. Tanta preocupação com o PSD mostra medo”, referiu Montenegro, após uma semana em que desafiou, por várias vezes, Costa a pronunciar-se sobre as alegadas contradições entre vários membros do Governo quanto à fundamentação jurídica do despedimento dos presidentes executivo e do conselho de administração da TAP.

Nesta entrevista, o secretário-geral do PS foi questionado sobre esta exigência do líder do PSD, mas evitou o tema, dizendo antes querer saber “qual é a alternativa do PSD” para o futuro da companhia aérea portuguesa.

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Interrogado se não entende que deve falar da existência ou não de um parecer jurídico e se não considera que houve “uma trapalhada” na articulação entre ministérios sobre este assunto, António Costa não respondeu diretamente à pergunta.

Falando em termos gerais da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, defendeu que o Governo não deve interferir nas competências de outros órgãos de soberania e que as comissões de inquérito não devem ser “arma de arremesso político, ou se não perdem a sua credibilidade”.

Segundo António Costa, também o presidente do PSD deveria “aguardar pelos resultados”, mas “a cada depoimento quer transformar num episódio da semana”.

Na mesma entrevista, o líder do PS considerou ainda que Luís Montenegro não disse o que seria necessário para se demarcar claramente do partido de André Ventura: “Com o Chega nada, nada, nada”.

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Interrogado se não ficou descansado quando Luís Montenegro, numa entrevista recente à CNN, excluiu governar ou aceitar o apoio de partidos “racistas, nem xenófobos, nem oportunistas, nem populistas”, o líder dos socialistas e primeiro-ministro realçou nessa frase “o que não diz”.

“Não disse o que era necessário dizer: não haverá nenhum acordo com o Chega”, realçou.

“O grande problema”, segundo o secretário-geral do PS, “não é a dimensão do Chega em si — que já é significativa –, mas é o que o Chega condiciona e determina a ação política da direita democrática”.

No seu entender, “hoje o PSD tem muitas vezes um comportamento, uma atitude, um vocabulário que não corresponde àquilo que é um partido institucional”.

António Costa deu como exemplo ter havido “um vice-presidente do partido” — Paulo Rangel — “a dar uma conferência de imprensa pondo em causa a visita de um chefe de Estado de um país irmão como é o Brasil” e identificou uma “enorme degradação no debate político no vocabulário que hoje a direita vai utilizando”.

“Pior do que a situação equívoca, é que todo o posicionamento político do PSD, todo o tipo de discurso que o PSD vai tendo sobre as questões das migrações, sobre o funcionamento das instituições, o vocabulário que vai utilizando revela uma preocupação fundamental do doutor Montenegro, que é que se distinga pouco o PSD para os eleitores do Chega”, sustentou.