Um documento com 355 anos revela que antepassados diretos da família real britânica compraram e exploraram escravos em plantações de tabaco no estado da Virginia, nos Estados Unidos da América. Segundo o The Guardian, o documento mostra que foram compradas pelo menos 200 pessoas originárias de África em situação de escravatura à Real Companhia Africana em 1686 por um antepassado direto de Carlos III.

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Esse documento foi preenchido com instruções para que os escravos fossem entregues a Edward Porteus e a dois outros homens. Porteus era proprietário de uma plantação na Virginia que deixou ao filho, Robert. Este acabou por se mudar para Inglaterra em 1720, onde Frances Smith, sua tetraneta, casou com o aristocrata Claude Bowes-Lyon, recebendo os títulos de Condessa de Strathmore e Kinghorne. Elizabeth Bowes-Lyon, mãe de Isabel II, foi neta deste casal.

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Os documentos encontrados pela investigadora Desirée Baptiste e divulgados pelo The Guardian

O documento foi encontrado pela investigadora Desirée Baptiste no âmbito de um trabalho de pesquisa para uma peça de teatro. Esta revelação insere-se na série de investigação do The Guardian “Cost of the Crown”, que tem como objeto de estudo a riqueza e finanças da família real britânica.

Nessa mesma série, o jornal britânico já tinha dedicado um artigo a um outro documento, encontrado pelo historiador Dr Brooke Newman, que provava a oferta de ações da Real Companhia Africana no valor de mil libras ao rei Guilherme III de Inglaterra. Essa transferência de ações tornou o monarca no governador da companhia, tendo obtido lucros do comércio de escravos.

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Nos relvados cuidados do Palácio de Kensington, residência dos príncipes de Gales em Londres, está erguida uma estátua de bronze em tributo a Guilherme III. Essa mesma casa tem sido alvo de investigação do jornal, que avançou que William terá expostos nove objetos de marfim, apesar de se opor publicamente ao seu comércio há mais de uma década.

William terá mesmo afirmado que tencionava destruir todo o marfim que estava na posse da família real. Embora um porta-voz da família real tenha esclarecido em 2019 que destruir esse património estaria fora do controlo do príncipe de Gales, garantiu que “não há marfim da coleção no Palácio de Kensington.”

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Estas declarações foram agora descredibilizadas pelo The Guardian, que afirma saber que entre os objetos expostos no palácio estão um anel com um pequeno retrato de Jorge III pintado no marfim e uma secretária construída para a Rainha Vitória.

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