A organização não-governamental de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) pediu o fim da detenção indefinida na Tailândia de uigures chineses requerentes de asilo, após a morte de um homem detido há nove anos.

Num comunicado, a HRW disse que o homem, identificado como Mattohti Matursun, morreu na sexta-feira de insuficiência hepática no centro de detenção de imigração de Suan Phlu em Banguecoque, após passar nove anos detido por entrar ilegalmente no país em março de 2014.

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A organização pediu ao governo da Tailândia para investigar “imediatamente” a morte do homem de 40 anos, sublinhando que Matursun é o segundo membro da minoria muçulmana chinesa a morrer este ano neste centro de detenção da capital.

Aziz Abdullah, de 49 anos, morreu em fevereiro de pneumonia, também no centro de detenção de imigração de Suan, onde ainda estarão detidos cerca de 50 uigures, referiu a HRW.

O comunicado apela às autoridades da Tailândia que ponham fim à detenção por tempo indeterminado de pessoas que procuram asilo ou refúgio no país e condenou as condições destes estabelecimentos, que “estão muito abaixo dos padrões internacionais”.

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“Muitos centros de detenção de imigrantes na Tailândia estão severamente sobrelotados, fornecem alimentação inadequada, têm pouca ventilação e não têm acesso a serviços médicos e outras necessidades básicas”, disse a organização, acrescentando que “os detidos estão restritos a pequenas celas que parecem jaulas”.

A diretora da HRW para a Ásia, Elaine Pearson, disse que a morte de Mattursun “deve soar o alarme para acabar com essa política abusiva de aprisionar requerentes de asilo e refugiados por períodos prolongados”.

“As autoridades tailandesas estão a colocar as pessoas que procuram proteção como refugiados em grave risco, mantendo-as durante anos em condições terríveis em centros de detenção de imigrantes”, sublinhou, citada no comunicado.

Mattursun fez parte de um dos vários grupos de uigures que chegaram à Tailândia em 2014, com o objetivo de prosseguir viagem rumo à Malásia ou a outros países, sendo que Banguecoque apenas permitiu que 170 mulheres e crianças partissem para a Turquia.

Em 2015, o governo tailandês deportou 109 jovens e homens uigures para a China, “de quem nunca mais se ouviu falar”, sublinhou a HRW.

Os uigures são uma minoria muçulmana que vive principalmente no nordeste da China e têm visto uma escalada drástica de repressão e abusos desde 2016, algo que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos descreveu como “crimes contra a humanidade”.