A Organização Mundial de Saúde (OMS) deixou de considerar a Covid-19 uma emergência sanitária global. O anúncio foi feito, em viva voz, por Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da OMS, esta sexta-feira. “Covid-19 mudou o nosso mundo e mudou-nos“, disse o responsável, pedindo que se aprendam as devidas lições sobre a forma como se reagiu à pandemia.

Não se pode dizer que é o fim da pandemia, esclareceu a OMS, porque “a ameaça subsiste” – passou é a considerar-se que nesta fase não representa uma emergência para a saúde pública global.

No último ano, o comité de emergência e a OMS têm estado a analisar dos dados com cuidado, considerando quando seria o tempo certo para baixar o nível de alarme. Ontem, o comité de emergência reuniu-se pela 15.ª vez e recomendou-me que declarasse o fim da emergência global. Eu aceitei esse conselho”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Ainda assim, num balanço, Tedros Adhanom afirmou que se “perderam vidas que não tinham de se perder“. Terão morrido pelo menos 20 milhões de pessoas devido à propagação do Sars-Cov-2 em todo o mundo, estimou o responsável, pedindo que este seja um momento para refletir sobre a forma como a pandemia foi gerida a nível internacional. Até para melhor se preparar “futuras pandemias”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Esta decisão de baixar o grau de emergência da pandemia de Covid-19 foi tomada agora porque se cumpriram alguns critérios. Um deles, diz a OMS, é que “o vírus continua a circular e a pandemia ainda não acabou” mas decresceu a mortalidade associada ao vírus, graças à maior imunidade na população – seja através de vacinas ou através de imunidade natural.

Michael Ryan, diretor-executivo da OMS, diz que acabou a “emergência” mas não acabou a “ameaça”. “Acreditamos que este vírus vai continuar a transmitir-se, por muito tempo”, afirmou, acrescentando que “as pandemias são sempre assim… levou décadas até desaparecer o vírus que causou a pandemia de 1918”, afirmou Michael Ryan, explicando que a ameaça implica um nível de perigo muito menor para as populações.

“Não vai acontecer um dia em que vamos chegar em público e dizer que chegou ao fim a pandemia”, adiantou o responsável. A OMS acrescentou que “continuam a morrer milhares de pessoas com este vírus, milhares de pessoas estão hospitalizadas”.

A OMS esclarece que “nós não declaramos inícios nem fins de pandemias“. “Acreditamos é que chegámos a um ponto em que consideramos que temos agora melhores ferramentas para gerir eventuais vagas de propagação do vírus” mas “não se pode baixar a guarda”. “O pior que cada país pode fazer agora é usar esta notícia como razão para baixar a guarda, para desmantelar os sistemas que tem montado ou para mandar a mensagem aos cidadãos que não têm nada com que se preocupar”, afirmou o responsável da organização com sede em Genebra.

“Na última semana, a Covid-19 reclamou vidas a cada três minutos e estas são apenas as mortes que sabemos. Atualmente, milhares de pessoas em todo o mundo estão a lutar pela vida nos cuidados intensivos e outros milhões continuam a viver com os efeitos debilitantes da condição pós-Covid-19”, alertou o diretor-geral da OMS.

* Com Agência Lusa