Não esperem uma contraofensiva cinematográfica de Kiev. As palavras são do chefe da diplomacia britânica, James Cleverly, durante uma visita aos Estados Unidos. Num momento em que muito se diz sobre quando e como acontecerá, são várias as vozes de políticos, incluindo ucranianos, que tentam baixar as expectativas criadas.
“O mundo real não funciona assim”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros aos jornalistas. “Espero que se saiam muito, muito bem, porque sempre que vejo os ucranianos, eles superam as expectativas.”
No entanto, frisou que todos têm de ser realistas. “Este é o mundo real, não é um filme de Hollywood”, acrescentou Cleverly.
Tal como a sua homóloga alemã tinha feito na manhã de terça, também Cleverly frisou a vontade do Reino Unido de ver a China desempenhar um papel mais construtivo no fim da guerra. “Sabemos que Xi desfruta de um grau significativo de influência junto de Vladimir Putin. Se, com a sua intervenção, puder ajudar a restaurar a soberania da Ucrânia e tirar as tropas russas daquele país, não vou criticar”, acrescentou.
Blinken: Ucrânia tem o que precisa para recuperar territórios
Na mesma conferência de imprensa em que o ministro britânico falou, Antony Blinken disse acreditar que a Ucrânia “tem o que precisa” para retomar os territórios ocupados pela Rússia.
“Têm o que precisam para continuar a ter sucesso na recuperação de território que foi tomado à força pela Rússia nos últimos 14 meses”, disse o secretário de Estado dos EUA. “Não são apenas as armas, é o treinamento”, acrescentou Blinken.
O norte-americano sublinhou que é importante garantir que os ucranianos consigam manter os sistemas que lhes foram fornecidos pelos aliados. “E é importante, claro, que tenham os planos certos para, novamente, serem bem-sucedidos.”
Nesta terça-feira, também o primeiro-ministro da Ucrânia falou sobre a contraofensiva. À Sky News, Denys Shmyhal, de visita ao Reino Unido, disse que ela está a ser planeada “muito cuidadosamente” e que será lançada na altura certa.
“Estamos a preparar tudo muito cuidadosamente porque é uma operação muito importante e consideramos que deveríamos demonstrar sucesso nesta operação à nossa sociedade, aos nossos parceiros, a todo o mundo e ao nosso inimigo”, acrescentou o primeiro-ministro ucraniano.