A Feira do Livro de Lisboa não vai crescer e vai manter, em 2023, o mesmo número de pavilhões (340), devido às restrições impostas pelas obras de preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorre na primeira semana de agosto, em Lisboa. Apesar disso, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que organiza o evento em estreita colaboração com a autarquia, diz não ter dúvidas de que esta será “a melhor Feira do Livro de sempre”.

Pedro Sobral, presidente da APEL, começou por explicar, numa conferência de imprensa em Lisboa, que a construção de um segundo palco-altar para a JMJ no Parque Eduardo VII causou algumas “restrições operacionais” — o que significa que não haverá o mesmo espaço para a montagem e desmontagem da feira e que esta não poderá crescer em número de pavilhões. A APEL tem recebido cada vez mais pedidos de participação e, nos últimos anos, o espaço tem aumentado.

O presidente da APEL garantiu, no entanto, que o contacto com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) aconteceu com muita antecedência, numa primeira fase para fechar a data em que o evento podia ser organizado e depois para perceber o número de participantes que podiam estar presentes. “A única coisa que não foi possível fazer foi fazer crescer a feira”, afirmou Pedro Sobral em resposta às perguntas dos jornalistas presentes na Biblioteca Palácio Galveias, onde decorreu a apresentação, esta quarta-feira de manhã. Contudo, a APEL e a CML estão confiantes de que os números do ano passado — entre 706 e 709 mil visitantes — serão ultrapassados.

Feira do Livro de Lisboa terá o mesmo número de pavilhões, mas não terá país convidado

Retomado o conceito lançado em 2022, que passa por organizar uma Feira do Livro mais sustentável, a APEL procurou, em conjunto com a CML, melhorar o espaço e corrigir alguns aspetos, sobretudo no que diz respeito ao “conforto de quem está a trabalhar” e aos acessos aos pavilhões. A feira contará com mais de 600 chancelas e o número de pavilhões será o mesmo do ano anterior (340), mas não haverá país convidado.

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Em 2022, a Ucrânia teve um pavilhão próprio, onde os visitantes puderam ficar a conhecer a literatura e cultura do país. O diretor da APEL justificou a presença especial da Ucrânia em 2022 com a situação que se vive no país. Contudo, no ano passado, em resposta às perguntas colocadas pelo Observador, a APEL disse que esta “iniciativa muito enriquecedora ” era, “sem dúvida”, para “manter”, afirmando que não era a primeira vez que a feira tinha um país convidado.

No decorrer da conferência de imprensa, Pedro Sobral destacou ainda a importância da Feira do Livro para a sensibilização da importância da leitura, num país que tem o segundo índice de leitura mais baixo da Europa. Defendendo que o evento não é apenas uma forma de “entretenimento”, descreveu-o ainda como “um ato político”. A feira tem “um papel fulcral”, tratando-se de “uma forma informal e mais interessante” de apresentar os livros e de gerar uma conversa “entre escritores e leitores”. “As bibliotecas e livrarias são bens essenciais”, declarou o responsável.

O sucesso da Feira do Livro de Lisboa, um caso único na Europa, tem gerado interesse internacional. “É uma das poucas feiras do livro ao ar livre e que é dedicada ao escritor e ao leitor”, disse Pedro Sobral, lembrando que este tipo de evento costuma ter um caráter “profissional”, como é o caso das feiras de Londres e de Leipzig. Por essa razão, serão vários os representantes de outros países que visitarão a feira, porque “querem ver como é que um país com tão baixos índices de leitura faz um evento como este e consegue atrair tanta atenção”.

A Feira do Livro de Lisboa decorre entre os dias 25 de maio e 11 de junho, no Parque Eduardo VII, retomando o calendário habitual, interrompido pela pandemia da Covid-19. Coincidindo com o início das Festas de Lisboa, a feira será o “primeiro evento” das celebrações, destacou Laurentina Pereira, chefe de divisão de Ação Cultural da CML, na conferência de imprensa desta quarta-feira. O programa completo deverá ser divulgado até ao final desta semana, confirmou Pedro Sobral aos jornalistas.