O primeiro-ministro, António Costa, indicou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como testemunha no processo contra o antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, anunciou a CNN Portugal. A ação cível do primeiro-ministro contra o ex-governador deu entrada esta quinta-feira.

Ao jornal Expresso, fonte ligada ao processo esclareceu que Marcelo Rebelo de Sousa irá testemunhar por escrito, e que não é testemunha nem abonatória nem de acusação. “Foi-lhe pedido um depoimento sobre os factos relevantes da intervenção do Governo”, relatou a fonte. A participação do chefe de Estado no processo incidirá em matérias sobre as quais Marcelo já pronunciou em público, explica o semanário.

Em causa, recorde-se, estão declarações feitas por Carlos Costa aquando do lançamento do livro O Governador, do jornalista do Observador Luís Rosa, em novembro do ano passado, acusando o primeiro-ministro de intromissão política junto do supervisor bancário no caso de Isabel dos Santos. Na altura, o chefe do Governo negou as acusações, e anunciou que iria processar Carlos Costa por alegadas ofensas à sua honra.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que iria processar o ex-governador do Banco de Portugal por ofensa à sua honra, depois de, no livro, o antecessor de Mário Centeno ter relatado que foi pressionado pelo chefe do Governo para não retirar Isabel dos Santos do banco BIC.

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António Costa avança para a justiça contra ex-governador Carlos Costa. Ação cível entrou esta quinta-feira em tribunal

Em novembro, na apresentação do livro O Governador, do jornalista do Observador Luís Rosa, o ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, acusou o primeiro-ministro de intromissão política junto do supervisor bancário no caso da saída de Isabel dos Santos do Banco BIC. “Esta semana, no mesmo dia em que anunciava um processo judicial, o senhor primeiro-ministro enviou-me uma mensagem escrita em que reconhece que me contactou para me transmitir a inoportunidade do afastamento da engenheira Isabel dos Santos. Ou seja, é o próprio primeiro-ministro a confirmar a tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal”, disse o antecessor de Mário Centeno, numa intervenção na apresentação do livro O Governador, na Gulbenkian, em Lisboa, a 15 de novembro.

No dia da apresentação do livro, António Costa insistiu que as declarações proferidas pelo ex-governador eram falsas e, depois de o mesmo não se ter “retratado, nem pedido publicamente as desculpas que eram devidas”, iria avançar para a justiça.

No dia seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, viria a defender publicamente António Costa das acusações do ex-governador, considerando que as autoridades portuguesas atuaram em nome do interesse nacional no caso que envolveu Isabel dos Santos.

Durante apresentação, Carlos Costa justificou a decisão de concretizar o livro com “contribuir para o reforço de respeito que merece a instituição do Banco de Portugal”, no que diz ser uma “tarefa de interesse público”.

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