O primeiro-ministro mantém a posição e só pretende falar sobre o que está a acontecer na comissão parlamentar de inquérito “no termo dos seus trabalhos e respetivas conclusões”. A resposta foi enviada ao Observador, pelo gabinete do primeiro-ministro, na sequência de  várias perguntas enviadas por email sobre a revelação feita na noite desta quinta-feira, pelo ministro das Infraestruturas. João Galamba disse que informou o primeiro-ministro do contacto para as secretas, ao contrário do que o primeiro-ministro tinha dito.

Questionado sobre a contradição — afinal, António Costa foi informado, na madrugada do dia 27 de abril pelo ministro João Galamba — o gabinete responde apenas que o “primeiro-ministro já disse qual era o seu entendimento sobre o caso e nada mais tem a acrescentar”.

“O primeiro-ministro também entende que, por respeito para com a Comissão Parlamentar de Inquérito, deve aguardar o termo dos seus trabalhos e as respetivas conclusões”, refere a mesma resposta.

O Observador questionou sobre se confirmava o contacto referido por Galamba e sobre o conteúdo desse telefonema, nomeadamente a referência ao SIRP ou SIS e ainda o motivo de ter dito que não foi informado quando agora o ministro diz que o informou. A resposta veio em bloco e mantendo o silêncio.

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Costa diz que não foi informado, mas valida Galamba: “Deu – e bem – alerta pelo roubo do computador” do ministério

A 1 de maio, também em resposta ao Observador e na primeira reação ao caso do Ministério das Infraestruturas, o gabinete do primeiro-ministro validou a ação de Galamba e dizia que o ministro tinha dado “e bem o alerta pelo roubo” do computador do Ministério pelo ex-adjunto do ministro. Nessa resposta, António costa fazia também saber que “não foi nem tinha de ser informado. Nem tomou qualquer diligência” junto do SIRP por causa daquele caso. Nesse mesmo dia, em declarações à RTP repetiu: “Não fui informado nem tinha de ser. Ninguém do governo deu ordens para o SIS fazer isto ou aquilo. Não houve nenhuma ordem aos serviços de informação nem por parte de um membro do governo nem por parte de São Bento”.

Inicialmente, na primeira conferência de imprensa que deu sobre o assunto, o ministro João Galamba tinha dito que tentara falar com Costa sobre este contacto, mas sem sucesso. Agora diz que teve indicações do gabinete do primeiro-ministro, nomeadamente do secretário de Estado Adjunto, António Mendonça Mendes, sobre esse contacto. E também que, só no final dos acontecimentos no Ministério no dia 26 de abril, conseguiu falar com o primeiro-ministro, admitindo que nessa altura lhe deu conta do contacto para o SIS.

A nova versão de Galamba sobre as secretas e o embate com o ex-adjunto

António Costa tem sempre remetido conclusões sobre o inquérito parlamentar para o final do mesmo. os trabalhos parlamentares sobre a gestão da TAP foram alargados e só terminam a 22 de julho. Esta sexta-feira e perante a revelação de ontem sobre o contacto entre António Costa e João Galamba, a Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda pediram a vinda do primeiro-ministro à comissão parlamentar. Numa conferência de imprensa ao início da tarde, o PS rejeitou aprovar essa audição.