O líder parlamentar do PS acusou o antigo Presidente da República de contribuir para a “degradação da política” e de adotar “uma linguagem ofensiva e antidemocrática”. Eurico Brilhante Dias reagia às palavras de Cavaco Silva, que este sábado, numa intervenção dura e dirigida ao Governo, disse que o Governo “passa os dias a mentir” e sugeriu a António Costa a porta da demissão.
Numa publicação na sua conta de Facebook, Brilhante Dias lembrou aquilo que considera ser um “comportamento insultuoso dos deputados do PSD na comissão parlamentar de inquérito à TAP”, a que diz juntar-se um “presidente do partido que procura envolver os serviços de informação na disputa político-partidária” e acabou a criticar o PSD, que diz ter sido “capturado” pelos “radicais extremistas que não escoteiam o ódio ao PS”.
“Se tudo isto é preocupação pelos resultados económicos que vão aparecendo gradualmente na vida dos portugueses então é ainda mais ilegítimo. Não esqueceremos”, atira o líder parlamentar do PS.
Foi a resposta do líder parlamentar socialista a uma intervenção de cerca de 40 minutos em que Cavaco Silva acusou o Governo de “desnorte”, “populismo”, “hipocrisia” e “desprezo pelos interesses nacionais”. O antigo Presidente mostrou-se “seriamente preocupado com as consequências para o país da governação do PS”, sugeriu um “rebate de consciência” a António Costa — que o levasse a apresentar a demissão: “O governo de António Guterres deixou o país no pântano. O governo de José Sócrates deixou o país na bancarrota. O governo de António Costa vai deixar ao próximo governo uma herança extremamente pesada”, resumiu Cavaco.
Na mesma linha, pouco antes, o secretário nacional adjunto do PS, João Azevedo, condenava o “discurso de raiva e ódio” que considera ter sido manifestado por Cavaco Silva. “Não se percebe o porquê deste ataque tão violento ao PS”, disse o dirigente socialista, acusando o antigo Presidente da República de “ser uma muleta do atual líder do PSD”.
Ao protagonizar a intervenção crítica do Governo, Cavaco “veio servir de muleta” ao líder do PSD, “para que Luís Montenegro conseguisse catapultar-se” na cena política — ele que, diz Azevedo, “não se consegue afirmar” politicamente” — e obtivesse “alguma vantagem na sociedade portuguesa”.
Ouça aqui o discurso de Cavaco Silva na íntegra, que foi transmitido pela Rádio Observador.
Discurso de Cavaco Silva. António Costa “perdeu a autoridade”