O partido do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, venceu as eleições legislativas deste domingo, mas sem conseguir assegurar a maioria dos assentos no parlamento, o que significa que os eleitores devem voltar às urnas em breve. Segundo os resultados conhecidos na manhã desta segunda-feira, o Nova Democracia obteve 40,8% dos votos, ganhando de forma expressiva as eleições mas perdendo a maioria, enquanto o partido de esquerda Syriza, de Alexis Tsipras, que governou a Grécia entre 2015 e 2019, conseguiu apenas 20,1% dos votos.
De acordo com os resultados divulgados pelo Ministério do Interior, citados pela Reuters, em terceiro lugar nas eleições ficou o partido de centro-esquerda PASOK com 11,6% dos votos. O partido comunista (KKE) conseguiu obter 7,2% e o EL 4,5%. O MeRA25, de Yanis Varoufakis, falhou em atingir os 3% necessários para assegurar o seu lugar no parlamento.
Apesar da vitória clara deste domingo, fintando as dúvidas sobre o desgaste que poderia notar-se nas urnas após quatro anos no poder, o centro-direita da Nova Democracia não conseguiu, por pouco, obter os votos necessários para formar governo por sua conta. De acordo com as leis eleitorais introduzidas pelo Syriza durante o seu período governativo, o partido precisaria de alcançar 45% dos votos para conseguir a maioria absoluta no parlamento grego, com 300 lugares, uma vez que nesse caso teria direito a um bónus de 50 assentos no parlamento — sendo que com os resultados atuais só precisaria de mais cinco para chegar à maioria.
Assim, a partir de segunda-feira a Presidente grega, Katerina Sakellaropoulou, vai dar aos três principais partidos três dias para cada para formar um governo de coligação. Caso não se chegue a um entendimento, será necessária uma segunda volta. E essa será a intenção do atual primeiro-ministro, como deixou claro no seu discurso de vitória: “O povo quis uma Grécia governada por um governo com maioria e pelo Nova Democracia sem a ajuda de outros”.
Primeiro, o primeiro-ministro congratulou-se com os resultados que descreveu como decisivos, como cita a Euronews: “Mostram que a Nova Democracia tem a aprovação do povo para governar, forte e autonomamente”. “O terramoto político que aconteceu hoje convoca-nos para acelerarmos o processo para uma solução de governo definitiva para que o nosso país possa ter uma liderança tão rápido quanto possível”, acrescentou.
Mais tarde, já durante a tarde desta segunda, o primeiro-ministro anunciou que não pretende formar uma coligação, o que deverá levar o povo grego novamente às urnas. Em resposta à Presidente grega, que convidou formalmente os partidos a negociarem uma coligação, Mitsotakis disse que pretendia responder de forma oficial ainda esta segunda, para que “se possa proceder a novas eleições”. “Acredito que o país precisa de um governo forte e estável hoje, com a perspetiva de uma legislatura de quatro anos, e quanto mais cedo esta questão fique concluída, melhor será para o país”, cita o jornal grego Ekathimerini.
Alexis Tsipras também já reconheceu o resultado “extremamente negativo” para o Syriza, garantindo ter telefonado a Mitsotakis para o parabenizar pelos resultados, mas sublinhando que não está tudo perdido. “As batalhas têm vitórias e perdas. O círculo eleitoral não terminou ainda. É muito provável que exista uma segunda volta”, lembrou.
De facto, é esperado que uma segunda volta esteja a caminho, sendo apontada para o dia 25 de junho ou 2 de julho. Durante a campanha eleitoral o atual primeiro-ministro insistiu que os interesses do país só poderiam ser assegurados com um governo de “maioria forte”.
A concretizar-se, a segundo volta irá acontecer num sistema de representação semi-proporcional que, explica o The Guardian, fornece ao partido mais votado o tal bónus de 50 lugares no parlamento. Um resultado que deixa os próximos capítulos em aberto, depois de nas últimas semanas as sondagens terem “subestimado” a larga margem que separaria os dois partidos mais votados, como conta a BBC.
(Atualizada às 17h08 de 22 de maio)