Os pneus enfrentam algumas dificuldades adicionais nos dias que correm. Além de lhes ser exigido o habitual, ou seja, mais aderência em piso seco e molhado, maior longevidade e menor ruído de rolamento, as entidades reguladoras de um lado e do outro do Atlântico decidiram que também os pneus têm de contribuir para a melhoria do ambiente, o que obriga a indústria a alterar alguns dos componentes utilizados na produção da borracha, o que vai motivar um incremento no preço deste tipo de equipamento.

Podem os pneus poluir 1000 vezes mais do que os motores a gasóleo?

Quem tem de adquirir pneus novos para o seu carro, já constatou há muito que estes se desgastam à medida que rolam. Durante anos, ninguém se importou em demasia com o que acontecia à borracha que se desfazia pela fricção no asfalto em minúsculos pedacinhos de plástico. Foi necessário apercebermo-nos que os peixes que consumimos, sejam provenientes dos rios ou dos oceanos, estavam cheios de microplásticos, que depois passam para o organismo dos seres humanos.

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Poluir menos custa caro

Depois de se tornar evidente que os microplásticos libertados pelos pneus são arrastados pela chuva para os rios e daí para o mar, sendo ingeridos pelos animais que acabamos por consumir e que, uma vez no nosso organismo, causam cancro e inflamações crónicas, entre outras maleitas, os responsáveis pela UE e EUA tiveram de tomar uma decisão. O objectivo é reduzir a quantidade de microplásticos produzidos pelo desgaste dos pneus, sabendo-se que todos os anos são vendidos mais de 2000 milhões de pneus e que o composto a que chamamos borracha é constituído por mais de 200 químicos, a maioria altamente tóxica.

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O pior dos componentes da borracha, no que respeita à saúde humana, é um químico denominado 6PPD, destinado a aumentar a longevidade da borracha e a torná-la mais resistente na exposição aos raios ultravioleta. A Reuters avançou que fabricantes como a Michelin, a Continental e a Pirelli estão a desenvolver substitutos do 6PPD. A Michelin estima que sejam emitidos cerca de 3 milhões de toneladas de partículas de microplásticos globalmente, a que é necessário somar mais 3 milhões de toneladas de partículas provenientes da degradação do asfalto.

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E os carros eléctricos não ajudam

Segundo o fabricante francês, percorrer 200.000 km com pneus que emitam menos microplásticos equivale a emitir 1,5 kg de partículas, um valor muito inferior aos 3,6 kg emitidos por pneus convencionais. E com compostos químicos melhores, mais sofisticados (e mais caros) para produzir a borracha, será possível reduzir ainda mais a emissão de microplásticos. Com a chegada dos veículos eléctricos, o peso tende a aumentar e, com ele, o desgaste dos pneus, pelo que o esforço dos fabricantes de pneus para reduzir a poluição por microplásticos terá de ser cada vez maior. E, potencialmente, mais caro.

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