Continua a procura, até ver sem sucesso, pelas quatro crianças que desapareceram misteriosamente na selva, na Amazónia colombiana, depois de uma avioneta onde viajavam se ter despenhado, agora com novos reforços: vendo os dias passar sem novidades, mais de 80 indígenas que conhecem bem a zona decidiram juntar-se à equipa de resgate da “Operação Esperança”.
A história prolonga-se desde 1 de maio, dia em que a avioneta caiu, fazendo três mortos, todos adultos — uma era a mãe destes quatro irmãos — sem que se percebesse o paradeiro das quatro crianças (de 11, 9, 4 anos e 11 meses) que seguiam na avioneta. Neste espaço de tempo, até o Presidente colombiano chegou a partilhar uma notícia falsa que dava conta de que as crianças teriam supostamente sido encontradas.
Crianças desaparecidas na Amazónia colombiana há mais de 450 horas após queda de avioneta
Mas a boa notícia não se verificou e agora, 22 dias depois, um grupo de indígenas vai tentar ajudar a perceber o que aconteceu às crianças. Como conta o El Mundo, este domingo um primeiro grupo de dez membros da tribo nukak, que é originária daquela selva no sul da Colômbia, seguiu de helicóptero com parte dos 150 militares que estão a fazer buscas na zona, mas são esperados até 85 indígenas.
“Têm experiência na selva, na busca de pessoas que se perdem e no seu resgate”, justificou à agência EFE a diretora da Unidade de Vítimas, Patricia Tobón. “A selva não é fácil, nem toda a gente pode viver ali, mas os povos indígenas têm conhecimento e isto pode ajudar a que a operação de resgate seja muito mais eficaz”.
Além dos conhecimentos do terreno, os indígenas também poderão ajudar a contactar com outras comunidades que vivam na selva: “É um território onde há povos indígenas não contactados. É a zona de conservação do Chiribiquete, que é uma selva que continua a ser virgem”, completa Tobón à agência EFE, citada pelo El Mundo.
As quatro crianças viajavam na avioneta Cessna 206 com a mãe, Magdalena Mukutuy, o líder indígena Hermán Mendoza e o piloto, Hernando Murcia. Despenharam-se numa parte “frondosa” da selva de Caquetá quando viajavam para visitar o pai de dois dos meninos, conta o mesmo jornal, acrescentando que a família fazia parte da comunidade indígena uitoto.
A tripulação, conta o site de notícias Infobae, chegou a conseguir avisar que registara uma falha no motor da avioneta e que teria de aterrar de emergência, tendo mesmo acabado por cair. No dia seguinte, a Aeronáutica Civil e a Força Aérea Colombiana foram para o terreno e recorreram a helicópteros e “aviões fantasma” (sem passageiros) para começar a sobrevoar a zona, também com a ajuda do pai, Manuel Ronaque, e de uma gravação da voz de Fátima, avó dos meninos, em espanhol e do dialeto da comunidade de que fazem parte: “Por favor, estejam quietos porque o exército está à vossa procura, eles vão trazer-vos”.
Foram-se acrescentando entretanto reforços por terra e também ao longo do rio que se encontra naquela selva. A própria avioneta foi encontrada a 15 de maio, altura em que os restos mortais dos adultos que seguiam no voo foram encontrados.
Las Fuerzas Militares informaron que gracias a Ulises “encontraron un refugio improvisado y elementos que darían indicios del rastro de los menores desparecidos”, en Guaviare.
Conozca su historia en Infobae ????????????
???? @FuerzasMilCol pic.twitter.com/pY4FKQ9d7P— Infobae Colombia (@infobaecolombia) May 17, 2023
Já a 17 de maio, as buscas produziram alguns resultados: foi encontrado, relata o Infobae, o que pareceu ser um “abrigo” construído com paus e ramos, dando esperança às autoridades de que pudesse ter sido um esconderijo feito pelas crianças. Também foram encontrados uma tesoura e um biberão, tudo graças ao cão Ulisses, que fazia parte da equipa das buscas e foi treinado pelo exército para ajudar neste tipo de casos.
Um “avião fantasma” da Força Aérea da Colômbia ainda se juntou aos trabalhos na madrugada de 18 de maio, iluminando a zona para ajudar as mais de 100 pessoas que procuravam as crianças no terreno. Foi neste dia que o Presidente colombiano, Gustavo Petro, chegou a anunciar que teriam sido encontradas — mas tudo não passava de uma notícia falsa. No entanto, no mesmo dia as autoridades disseram ter encontrado “pegadas frescas” que pertenceriam às crianças, perto de um riacho.
O grupo de indígenas é assim o mais recente acrescento ao já muito participado esforço de buscas para encontrar os quatro irmãos.