A União Africana (UA) reiterou esta quinta-feira, coincidindo com a celebração do Dia da África, a sua exigência de que o continente tenha assentos permanentes no G20 (grupo de países industrializados e emergentes) e no Conselho de Segurança da ONU.

“Chegou o momento de permitir que a voz de África ressoe em todo o mundo”, afirmou Azali Assoumani, chefe de Estado das Comores e presidente em exercício da UA em 2023, numa cerimónia na sede da organização, em Adis Abeba, para comemorar o Dia de África.

A este respeito, Assoumani afirmou que, durante o seu mandato à frente da organização pan-africana, tentará “convencer os homólogos do G20 da necessidade urgente de a União Africana se tornar membro de pleno direito desta instituição”.

“Através desta presença permanente, a nossa organização, a União Africana, terá a oportunidade de dar a sua opinião sobre as grandes decisões económicas e financeiras que lhe dizem respeito”, observou.

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“É também nesta direção que reitero o apelo a reformas que permitam ao nosso continente dispor de um ou mesmo mais lugares permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, reclamou o líder da UA.

Esta nova representação, acrescentou, serviria para “pôr fim à injustiça que sempre foi infligida” ao continente africano.

O presidente do Conselho de Segurança da União Africana (UA) falava num evento para assinalar o 60.º aniversário da sua antecessora, a Organização de Unidade Africana (OUA).

A OUA, que foi substituída pela União Africana em 2002, foi fundada em 25 de maio de 1963 na capital etíope, data em que se celebra todos os anos o Dia de África.

Na cerimónia, Azali Assoumani sublinhou que a OUA atingiu “dois grandes objetivos num contexto histórico particular, nomeadamente: a conclusão da descolonização de África e o fim do apartheid na África do Sul”.

Apesar destes “resultados positivos e apreciáveis”, Assoumani admitiu que “continuam a existir algumas injustiças”, mas apelou à prossecução das “ambições de unidade, paz e desenvolvimento”.

Assoumani salientou também que África continua a enfrentar “desafios significativos”.

“As transferências de poder inconstitucionais multiplicaram-se nos últimos anos. Os conflitos intra-africanos, mas também o terrorismo, persistem e, consequentemente, a paz, a segurança, a democracia e o desenvolvimento do nosso continente estão ameaçados em várias das nossas regiões”, alertou.

Entre as realizações positivas, destacou a criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), que pretende “tornar-se um dos maiores mercados mundiais nos próximos anos”.

O primeiro-ministro da Etiópia (país que acolhe a sede da UA), Abiy Ahmed, participou no mesmo evento e sublinhou esta quinta-feira que, 60 anos depois, “África é o segundo continente mais populoso” do mundo, com “uma população estimada em mais de 1,4 mil milhões de pessoas”.

“Até 2050, espera-se que mais de metade do crescimento da população mundial ocorra no nosso continente. Prestar atenção a África significa prestar atenção a um continente que será o lar de uma em cada quatro pessoas até 2050. De facto, esta é uma oportunidade que temos de aproveitar”, sublinhou Abiy.

Tal como em anos anteriores, o continente foi felicitado no Dia de África por personalidades internacionais, como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

“O dinamismo de África é imparável e o seu potencial é impressionante. Neste Dia de África, exorto a comunidade internacional a apoiar o continente. Com cooperação e solidariedade, este pode ser o século de África”, afirmou, na sua conta do Twitter.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, entre outros, também desejou aos africanos um “Feliz Dia de África”.

“Este continente vibrante e o seu povo maravilhoso estão-me muito próximos. Partilhamos as mesmas ambições: construir juntos um espaço comum de paz, segurança, prosperidade e progresso. Este é o nosso dever comum para com as jovens gerações de África e da Europa”, acrescentou Michel no Twitter.