O PS dos Açores acusou esta sexta-feira o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) de apontar culpas ao Governo da República para “disfarçar as suas incapacidades”, alertando para o risco de a região desperdiçar fundos comunitários.
“Ao longo dos últimos tempos, perante as dificuldades orçamentais evidentes do Governo [Regional] e reais que assolam a vida das famílias e empresas dos Açores, multiplicaram-se as vozes do Governo Regional e da atual maioria a responsabilizar a República por tudo e por nada, mesmo por matérias cuja competência é do âmbito da nossa autonomia regional”, afirmou o vice-presidente do PS/Açores, Berto Messias, citado em comunicado de imprensa.
O dirigente socialista e deputado regional defendeu que os Açores precisam de um governo que governe e que “não se desculpe com a República ou a utilize para distrair o povo das incapacidades e impossibilidades da atual maioria”.
“Os Açores precisam de respostas e soluções, não de um governo e uma maioria que se coloca do lado do problema. Ora não respondendo, ora se desculpando, sem estar focado no trabalho que tem de fazer, de acordo com as suas competências, os seus recursos, as oportunidades existentes e o mandato que receberam”, apontou.
Segundo Berto Messias, os Açores correm o risco de desperdiçar “o maior envelope financeiro da sua história” de fundos europeus e as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O presidente do Governo está assim a desperdiçar esta extraordinária oportunidade, sem perceber que na ânsia de atacar o Partido Socialista e o Governo da República, está a prejudicar os Açores e o seu futuro”, salientou.
O dirigente socialista sublinhou que a execução do PRR nos Açores “está atrasadíssima”, acrescentando que “a recapitalização das empresas não avança” e “o novo sistema de incentivos tarda em ser regulamentado e concretizado”.
Berto Messias alertou ainda para os custos da energia na região, que “mais do que duplicaram para empresas”, para os custos das matérias-primas e de contexto, que “escalam todos os dias”, e para a prestação das habitações, que “continua a aumentar”.
“O presidente do Governo entretém-se no queixume contra a República e no azedume contra a oposição, sem perceber que devia focar as suas energias em apoiar as famílias e as empresas dos Açores e em criar condições concretas que permitam aos açorianos atravessar da melhor forma esta situação difícil”, acusou.
Segundo o vice-presidente do PS/Açores e ex-secretário regional do executivo açoriano, a autonomia tem de contar com a solidariedade e o compromisso constitucional da República, mas não se defende o poder autonómico e os interesses da Região “remetendo para Lisboa responsabilidades que são do Governo dos Açores”.
O presidente do Conselho Económico e Social dos Açores (CESA), Gualter Furtado, apelou, na quarta-feira, ao diálogo e à intervenção do Representante da República (RR), tendo em conta o “péssimo” relacionamento entre o governo regional e o nacional.
Para Berto Messias, face a estas declarações, “está tudo dito sobre a capacidade, ou falta dela, do presidente do Governo para governar os Açores e para ser um referencial de estabilidade e de liderança”.
Em reação à posição do presidente do CESA, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, disse, na quinta-feira, que o primeiro-ministro “mostrou disponibilidade” para resolver os dossiês pendentes com a região autónoma, ressalvando que o tempo “urge” e não há “soluções concretas”.
O Conselho Económico e Social dos Açores alertou ainda para os atrasos na execução do PRR, revelando que só foram executados 25% das metas previstas para o primeiro trimestre do ano.
Segundo José Manuel Bolieiro, estes atrasos resultam “de contingências do mercado que internacionalmente, afetou toda a gente”.