A UNITA criticou esta sexta-feira a decisão o Governo de Angola de retirar subsídios da gasolina, considerando que a medida tem um impacto violento nos preços, na vida das famílias e das empresas.
Álvaro Chikwamanga, secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição), disse que não é sério uma medida tão importante, que “impacta de forma violenta” nos preços e consequentemente a vida das famílias e empresas, ser decidida em 1 de junho e começar a vigorar no dia seguinte.
Falando em conferência de imprensa, sobre o impacto da subida do preço da gasolina, que a partir desta sexta-feira passou a custar 300 kwanzas/litro (0,48 euros) contra os anteriores 160 kwanzas (0,25 euros), Chikwamanga referiu que a decisão se traduz numa “falta de respeito ao povo”.
“É muita falta de respeito, ao povo, falhar nas políticas e responsabilizar os cidadãos pelas consequências. É falta de sensibilidade, saber o melhor momento para adotar uma política e fazê-lo no pior momento”, notou.
O secretário-geral da UNITA apelou ao Presidente angolano a “compreender a sensibilidade” da questão dos subsídios aos combustíveis, “pelas suas repercussões sociais e políticas”.
O Governo angolano anunciou na quinta-feira a retirada gradual de subsídios à gasolina, que passa a custar 300 kwanzas/litro, mantendo a subvenção ao setor agrícola e à pesca.
De acordo com o ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, as tarifas dos taxistas e mototaxistas vão ser subvencionadas, continuando os mesmos a pagar 160 kwanzas o litro de gasolina, cobrindo o Estado a diferença. A medida entrou em vigor à 01h00 (mesmo hora de Lisboa) desta sexta-feira.
Para a UNITA, a retirada dos subsídios aos combustíveis não é o problema real, “porque sempre foi uma necessidade para o país”, disse o dirigente, considerando que o problema “são os interesses instalados que usam a governação para o proveito próprio”.
As medidas adotadas pelo Governo angolano para travar o impacto da subida do preço dos combustíveis “transmitem uma certa incoerência, pois ao mesmo tempo que se retiram os subsídios a alguns segmentos da sociedade, os mesmos são mantidos noutros segmentos”.
“Instamos o executivo a esclarecer melhor a sustentabilidade dessas medidas, num contexto de uma administração pública ortodoxa e de uma economia altamente informal”, salientou Álvaro Chikwamanga, para depois questionar: “Não estará a agudizar os escapes por onde drenam os dinheiros públicos para bolsos privados?”
Em 2022, a subvenção aos preços dos combustíveis ascendeu cerca de 1,98 bilões de kwanzas, o correspondente ao câmbio atual a 3,8 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros).
O Governo angolano vai liberalizar os preços dos combustíveis, de forma faseada, até 2025, começando pela remoção parcial dos subsídios à gasolina, cujo preço será “livre e flutuante” já no próximo ano, anunciaram as autoridades.
Em 2022, a subvenção aos preços dos combustíveis ascendeu a cerca de 1,98 biliões de kwanzas, o correspondente ao câmbio atual a 3,8 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros).
O Governo angolano vai liberalizar os preços dos combustíveis, de forma faseada, até 2025, começando pela remoção parcial dos subsídios à gasolina, cujo preço será “livre e flutuante” já no próximo ano, anunciaram as autoridades.