As finais são para usar os habituais limites máximos como ponto de referência do mínimo que é preciso fazer para vencê-las. São para um destro marcar com a mão esquerda a três segundos do fim, como fez Eddy Polanco. São para Aaron Brousaard usar essa quantia modesta de tempo para responder e marcar dois pontos com falta que deixaram o Benfica na frente no marcador (85-84) e na série. A história do jogo 1 da final do campeonato nacional de basquetebol começa pelo fim, porque só quando restavam uns pozinhos no relógio é que se soube o vencedor. Mas se esta narrativa começa pelo epílogo que se tenha em atenção que serviu apenas de prefácio ao que ainda se vai jogar para decidir o campeão.

Que também não se esqueça o que se fez nas entrelinhas. Que não falte tinta para descrever que Ivan Almeida fez praticamente tantos minutos (21) como pontos (20, com a ajuda de cinco triplos) com uma eficácia (60%) assinalável. Aliás, o cabo-verdiano, em conjunto com Brousaard (23 pontos) reuniram 50% dos pontos da equipa. A determinado momento, parecia até improvável que mais algum jogador encarnado chegasse à casa das dezenas, o que Terrell Carter (11) acabaria por conseguir. Não sendo possível contribuir com muitos pontos, que se encontrasse forma de o fazer de outra forma. Mestre em encontrar soluções dentro de um campo de basquetebol, tal como se se tratasse de um lanterna a apontar ao escuro é Toney Douglas que fez um triplo-duplo sentimental que significa que, não atingindo o 10-10-10, fez um 6 pontos-9 ressaltos-6 assistências que soube a um 20-20-20.

Mas o caminho até aqui foi longo. “Não éramos favoritos a ganhar a Supertaça e a Taça Hugo dos Santos e ganhámos. O favoritismo que atribuem ao Benfica é um problema que será deles”. Antes de se atirarem as bolas ao cesto, o treinador do Sporting, Pedro Nuno, sacudiu a pressão. “Estamos confiantes e estivemos sempre. Normalmente, estivemos bem nos momentos decisivos e as meias-finais destes playoffs foram a imagem disso. A equipa está bem, confiante e tem agora um novo desafio”, disse aos canais dos leões.

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Esse novo desafio dava-se pelo nome de Benfica. Era um dérbi de Lisboa que ia decidir o campeonato nacional de basquetebol. O jogo 1 de uma final inédita à melhor de cinco encontros disputava-se na Luz. “Prefiro jogar aqui em casa com os nossos adeptos e com os nossos adeptos e ir para o João Rocha com 2-0″, contou o base dos encarnados, José Barbosa, à FPB TV. O treinador-adjunto das águias, Luís Catarino, assumia a mesma ambição: “Vamos querer vencer o mais rápido possível”.

Quer Benfica, quer Sporting, chegavam à final sem nenhuma derrota nos playoffs. Os encarnados encerraram a meia-final com a Ovarense com uma vitória por 71 pontos depois de já terem deixado pelo caminho o Póvoa. Os leões ultrapassaram o Lusitânia e, numa série mais fácil do que inicialmente se esperava, o FC Porto. “É um Sporting motivado pela série em que venceu de forma clara e categórica o FC Porto”, elogiou Luís Catarino.

O jogo começou com o Benfica a distanciar-se, registando uma diferença que andou sempre perto dos 10 pontos. Os encarnados conseguiam com facilidade marcar pontos no pintado, o que o Sporting, nesta fase inicial, tinha mais dificuldades em fazer. No segundo período o Benfica conseguiu a maior vantagem de todo o encontro (12 pontos), o que não fazia prever que o Sporting conseguisse um parcial de 13-2 que valeu aos leões a vantagem ao intervalo.

Seria essa a única liderança que o Sporting teve até três segundos do fim quando Eddy Polanco conseguiu o 84-83 que a equipa verde e branca não soube defender. O treinador do Benfica, Norberto Alves, pediu desconto de tempo e desenhou uma jogada para que a bola entrasse nas mãos de Broussard, que mostrou várias vezes na época ser o jogador mais clutch das águias. Assim foi, o base norte-americano recebeu a bola e viu a defesa negar-lhe o lançamento de três. A leitura que fez do lance levou-o a penetrar e marcar dois pontos com falta. Propositadamente, falhou o lance livre e o Sporting, com 0.7 segundos no cronómetro e sem descontos de tempo, não teve condições de fazer um último lançamento.

A má posse de bola defensiva destoou da prestação da equipa de Alvalade no geral. Foi mesmo graças a dois desarmes de lançamento de Isaiah Armwood, que fez as vezes de Joshua Patton e de Travante Williams, ambos excluídos com cinco faltas, que o Sporting ficou perto de ganhar. Na terça-feira joga-se a segunda partida da série.