O antigo Presidente do Panamá Ricardo Martinelli venceu no domingo as primárias do partido, pelo qual se vai candidatar às presidenciais de maio de 2024, apesar de acusações de branqueamento de capitais.
Martinelli (2009-2014) conseguiu quase 97% dos votos, derrotando os outros três candidatos às eleições primárias do partido Realizando Metas (RM), criado em 2021, para as presidenciais.
O político, de 71 anos, foi acusado, juntamente com 14 réus, de ter usado dinheiro público para comprar em 2010 a maioria das ações do grupo Editora Panama America, dono do jornal com o mesmo nome e dos jornais populares Critica e Dia a Dia.
O Ministério Público pediu uma pena de prisão de 12 anos para Martinelli.
No discurso, após as primárias, o antigo Presidente defendeu a imunidade como candidato presidencial: “A única forma de me tirar da candidatura à presidência é através do processo político em andamento (…). Eles vão ter de me matar“.
No total, cerca de 234.700 membros do partido foram convocados para votar, tendo o índice de participação sido de 25,8%, segundo dados do Tribunal Eleitoral do Panamá, regulador das primárias que custaram 1,3 milhões de dólares (1,22 milhões de euros).
Os principais rivais de Martinelli na eleição presidencial de 5 de maio de 2024 deverão ser o antigo Presidente Martin Torrijos (2004-2009) e o atual vice-Presidente, José Gabriel Carrizo.
Em janeiro, os Estados Unidos anunciaram sanções contra Martinelli e acusaram-no de envolvimento em “corrupção em larga escala”.
EUA anunciam sanções contra antigo Presidente do Panamá Ricardo Martinelli
Martinelli é uma das 36 pessoas que foram a julgamento, no Panamá, em novembro, por branqueamento de capitais no caso de suborno da construtora brasileira Odebrecht, o maior episódio de corrupção na história do país.
Os filhos de Martinelli, Ricardo Alberto e Luis Enrique, saíram da prisão em janeiro, depois de cumprirem pena nos EUA por participarem “em subornos pagos por e sob a direção da Odebrecht” num total de 28 milhões de dólares (25,6 milhões de euros).
A investigação da Odebrecht no Panamá foi aberta em 2015, arquivada, reaberta em 2017 — depois de a empresa ter confessado nos EUA o pagamento de milhões em subornos numa dúzia de países, incluindo Angola e Moçambique — e foi concluída em outubro de 2018.
Em julho de 2017, a Odebrecht assinou um acordo com a Procuradoria-Geral do Panamá para pagar uma multa de 220 milhões de dólares (202 milhões de euros) ao Estado ao longo de 12 anos, acordo que não está a ser honrado.
Além dos casos no Panamá, por alegado branqueamento de capitais, o antigo Presidente está a ser investigado em Espanha por um caso de alegada corrupção por subornos, depois de a empresa de construção espanhola FCC ter confessado que pagou no Panamá, e por um outro por suposta espionagem a uma mulher em Maiorca.
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