A técnica oficial do Programa de Emergências Sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS), Teresa Zakaria, alertou esta quinta-feira, 8 de junho, para o risco de cólera nas zonas afetadas pela destruição da barragem de Kakhovka, na região de Kherson, na Ucrânia.

“Não registámos nenhum caso de cólera em seres humanos desde o início da invasão da Ucrânia. Dito isto, as amostras ambientais mostram que o agente patogénico existe”, alertou Zakaria numa conferência de imprensa em Genebra, na Suíça, acrescentando que “se trata de um risco”.

A técnica acrescentou que “a qualquer momento” podem começar a ser detetados casos e sublinhou a importância de dispor de vacinas para prevenir a doença.

“Temos trabalhado em estreita colaboração com o Ministério da Saúde ucraniano para garantir a existência de mecanismos que permitam a importação de vacinas logo que sejam necessárias”, afirmou.

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“As atividades estão em curso, sabendo que o risco de cólera está presente e com as inundações causadas pelos danos na barragem”, insistiu, salientando que a vigilância epidemiológica das doenças transmitidas pela água foi intensificada.

Teresa Zakaria disse que a OMS está “a tentar abordar um vasto leque de riscos para a saúde associados às inundações, desde lesões a afogamentos, doenças transmitidas pela água e as potenciais consequências da interrupção de tratamentos crónicos”.

A OMS diz que está a monitorizar “todos os riscos” associados à rutura da barragem e assegurou que “os fornecimentos estão a ser mobilizados para garantir a prestação dos melhores cuidados possíveis”, disse.

Zakaria advertiu que o “impacto total” da destruição da barragem, não só em termos de inundações, mas também em termos de cessação do abastecimento de água potável, está a ser considerado.

“Creio que estamos perante uma população potencialmente afetada bastante numerosa. A barragem serve uma população de cerca de 700.000 pessoas. A jusante, há mais de 30 localidades que estão em risco de inundação. Penso que a informação exata e a extensão exata do impacto ainda estão por ver”, argumentou.

Segundo recordou, os números de momento indicam que “inicialmente” 16 mil pessoas estão em risco imediato de inundação nas margens do rio e milhares foram retiradas, embora tenha reconhecido que “este número só pode crescer”.

“Penso que é difícil e seria imprudente citar um único número neste momento, especialmente porque ainda não vimos toda a extensão dos danos”, insistiu, reiterando o “caráter multidisciplinar” do que ocorreu.

Segundo a perita da OMS, “há as populações que correm o risco de inundações e as que correm o risco de interrupção da água potável. E depois há uma população ainda maior que corre o risco de ter menos acesso a alimentos nos próximos meses, à medida que as terras agrícolas se tornam completamente inoperacionais”.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que a OMS irá fornecer nos próximos dias fornecimentos adicionais para reforçar o acesso aos serviços de saúde.

A destruição da barragem provocou uma devastação generalizada e sofrimento humano, causando inundações graves, deslocação de comunidades e danos significativos nas infraestruturas e no ambiente”, afirmou o diretor-geral, que apelou “a que não se subestime o impacto no abastecimento de água, nos sistemas de saneamento e nos serviços de saúde pública na região”.