A tempestade Oscar, que ainda vai afetar o norte do país ao longo desta sexta-feira, é a 15.ª desta temporada 2022-2023, igualando assim o recorde que tinha sido batido em 2019-2020, a época como mais tempestades no Atlântico Norte.

É também a segunda vez que, em junho, uma tempestade de grande impacto, das que têm direito a nome, atinge a nossa latitude: a última tinha sido o Miguel, em 2019. Fez com que se batesse em Portugal um máximo de chuva num só dia, mais de 600 litros por m2, no Pico do Areeiro na Madeira, entre as 15h de segunda-feira e as 15h de terça. Daí ser tão rara.

Mas pode não ser a última do ano, já que as águas do Atlântico nunca estiveram tão quentes e isso propicia este tipo de fenómenos, que se esperam frequentes neste verão: a acontecer, a próxima tempestade chamar-se-á Patricia. Mas, descansem, não será na próxima semana. Até terça-feira ainda haverá alguma instabilidade, com alguma chuva fraca, mas a partir de quarta as temperaturas disparam e devem ultrapassar os 35ºC.

Começando ainda pela depressão Oscar, cujos efeitos só se irão dissipar por completo no fim de semana, o IPMA ainda manteve 12 distritos em alerta amarelo (a norte) esta sexta-feira (até às 3h00 da manhã devido a trovoada, até às 6h00 por precipitação). No sábado, o grupo oriental dos Açores está também sob aviso amarelo devido a chuva forte das 6h00 à meia-noite.

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Mas no continente o fim de semana já começará com menos chuva e com uma subida de temperatura. Ainda assim, mais a norte e centro, haverá nuvens e aguaceiros. E esta instabilidade vai manter-se até terça devido a algumas frentes frias e chuvosas: é normal que aqui e além vá chuviscando, apareçam umas trovoadas e caia até granizo. Mas a cada dia que passa, mais calor. Dará provavelmente para celebrar o Santo António, feriado municipal em muitas cidades, em arraiais ao ar livre (façam cruzes).

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Até que chegaremos a quarta e a partir daí, para quem estiver de férias — e há muitos que o puderam fazer com o fim das aulas dos filhos e os tais feriados municipais –, será tempo de praia. As temperaturas disparam até ao fim de semana. Grande parte do país vai chegar aos 30ºC (Lisboa tem previsões de 29ºC para quinta e sexta). O interior, sobretudo o Vale do Guadiana, vai ultrapassar mesmo os 35ºC sexta-feira da próxima semana (casos de Évora e Beja). Mas Braga também deve chegar aos 31ºC e o Algarve ficar nos 30ºC, com mínimas quase tropicais de 20ºC.

Resumindo, o verão está de volta.

A pergunta que se impõe é até quando fica? Os modelos já feitos quer pelo IPMA, quer pelo AEMET (o instituto de meteorologia espanhol) para a Península Ibérica apontam para um verão mais quente que o do anos passado (em média mais 2 a 3ºC), mas também mais chuvoso.

E são mesmo essas as previsões para as próximas semanas de junho e os primeiros dias de julho: calor sim, ligeiramente acima do normal para esta época do ano; mas ainda instabilidade, ou seja, também mais chuva do que seria de esperar por estes dias.

Para a próxima semana, de 12 a 18 de junho, a probabilidade da precipitação total semanal ser superior ao normal situa-se entre 50 e 80% (é preciso contar com as frentes que ainda vão atravessar o país até terça) e a da temperatura média semanal superar o habitual fica acima de 60% (o tal calor que começa quarta). De 19 a 25 de junho, o IPMA também prevê mais chuva que o normal (na ordem dos 60 a 80%), mas quanto às temperaturas a probabilidade de ficarem abaixo da média habitual é de entre 30 e 70% (menos entre 0.25 a 3°C). Para a última semana do mês e início de julho, de 26 de junho a 2 de julho, ainda há previsões de chuva (entre 40 a 70%) e a probabilidade da temperatura média semanal ficar abaixo do normal é de entre 40 e 60%.

O instituto de meteorologia espanhol, Aemet, fez uma previsão ainda mais alargada para Espanha, que pode ser considerada igualmente para Portugal, uma vez que abrange toda a Península. Avisou para um verão — que começa dia 21 — “anómalo”, tórrido em termos de calor, o que pode colocar como um dos piores da história, mas em que podem igualmente surgir tempestades raras mais frequentes em relação a anos anteriores. Numa publicação da porta-voz do instituto, Rubén del Campo diz que poderemos estar perante “um verão que ficará entre os cinco mais quentes dos últimos 30 anos”, mas com “muito mais chuva” do que é habitual.

Se essas chuvas chegam para pôr fim à seca, severa também em certas zonas de Espanha tal como em Portugal, a resposta é: infelizmente não. A primavera anormalmente quente deste ano impede que tal aconteça.

Ficam as previsões para algumas cidades do país até sábado da próxima semana: