Os indígenas representam 29,6% dos 169 ativistas de direitos humanos assassinados entre 2019 e 2022 no Brasil, segundo relatório apresentado esta quarta-feira pelas organizações Justiça Global e Terra de Direitos.
O relatório “Na linha de frente: violência contra defensores de direitos humanos no Brasil” aponta que nesse período, que coincidiu com o Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foram registados 1.171 casos de violação de direitos humanos, entre assassinatos, ameaças e agressões.
Depois dos indígenas, 17,8% dos ativistas assassinados correspondiam a negros, enquanto os transexuais foram 5,9% das vítimas fatais no quadriénio.
Segundo a investigação, a maioria das vítimas (63,3%) foi morta com armas de fogo e em 11 desses casos foram encontrados indícios de tortura pelas autoridades forenses.
A Amazónia, onde historicamente surgiram conflitos entre ambientalistas e defensores dos direitos humanos com mineradores e lenhadores ilegais, e a empobrecida região do nordeste respondem por 63,9% dos casos relatados de violência contra ativistas.
A coordenadora da Justiça Global, Sandra Carvalho, disse que alguns ativistas recebem ameaças há anos, mas por se tratar de um crime de menor gravidade, “muitas vezes não são investigados”.
O relatório não faz comparação com anos anteriores e segundo o Comité Brasileiro de Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) somente em 2016, último ano para o qual têm estatísticas, foram assassinados 66 ativistas.
O CBDDH, que também faz esse tipo de relatório, frisou que por “usar metodologia diferente não dá para estabelecer comparação”, até porque os dados do Governo de Jair Bolsonaro contemplam o período da pandemia.
No entanto, o CBDDH considerou o Governo de Bolsonaro como “inimigo declarado dos movimentos sociais” e sustentou que “subsidiou armas no campo e incentivou a violência”.