O grupo José de Mello vai passar a consolidar a Ravasqueira na holding este ano. Até agora, o negócio estava destacado, sendo uma empresa diretamente detida pela família, mas em 2023 será consolidado na holding.
“Consideramos um setor com interesse para nós e queremos desenvolver. Consideramos um setor com potencial de crescimento”. Duas justificações dadas por Salvador de Mello, presidente executivo do grupo José de Mello, sobre a integração da Ravasqueira na holding familiar. Ainda assim, lembra que a Ravasqueira é uma parcela pequena, mas “com potencial”, ainda que tenha um “valor pequeno dentro do portfólio” do grupo que quer, no entanto, fazer crescer. E assim entra no grupo empresarial da família Mello. Luís Goes, administrador financeiro e de estratégia do grupo, admite que o crescimento na área dos vinhos pode vir a ser feita por aquisição, mas também organicamente. “Nenhum prejudica o outro”.
Aliás, o crescimento do grupo José de Mello pode passar por novas oportunidades em outras áreas, mas Salvador de Mello diz logo que não vai revelar quais.
Em 2022 o investimento do grupo atingiu os 160 milhões de euros e o grupo compromete-se a continuar a investir de forma significativa. Salvador de Mello diz mesmo que a prioridade é “reforçar os investimentos”. Em 2022, muitos investimentos foram na área da saúde (CUF) e na química (Bondalti) e também com a Brisa com “melhoria da rede mas também na mobilidade”.
Os dados foram avançados num encontro em que o grupo apresentou os resultados de 2022, em que teve lucros de 92 milhões de euros, um crescimento de 59% face aos 58 milhões do ano anterior. O EBITDA atingiu 192 milhões de euros, face a 138 milhões um ano antes, com os proveitos a superarem os 1.255 milhões, em comparação com 1.047 milhões.
“Apesar de contexto externo desafiante e com grande incerteza, não nos deixamos condicionar pelas variáveis de curto prazo”. O contexto desafiante é a guerra, inflação, taxas de juro, desaceleração crescimento. Mas Salvador de Mello garante que “temos capacidade para responder a diversidades”, com foco no médio e longo prazos.
Mas “não deixamos de fazer o nosso trabalho”, diz o presidente do grupo familiar, sustentando também que o fará com “prudência financeira”. Assume, no entanto, que “a dívida deixou de ser um tema para o grupo José de Mello. Não é uma atitude sobranceira, as taxas de juro têm impacto em todas as empresas, mas não estamos condicionados pela dúvida, como no passado”.
Em 2022, a dívida líquida do grupo ficou nos 917 milhões de euros, acompanhada “de melhoria do desempenho operacional”. E, por isso, Salvador Mello garante: “não nos condiciona já estrategicamente. É um tema de gestão corrente”. Em 2012, o grupo estava pressionado pelo peso do endividamento. Chegou a dever 6,2 mil milhões de euros à banca.
E, por isso, Salvador Mello reafirma que “não penso que seja condicionante”, embora o grupo “esteja habituado a gerir em todos os contextos”.
Em particular em relação à saúde, questionado sobre a concorrência, Salvador de Mello não se quis alongar sobre um setor que já liderou, mas vê “de forma muito positiva” (…) “a decisão de nomear um responsável para coordenar o SNS”. A saúde “é um setor estratégico para o grupo José de Mello”.