O secretário-geral da ONU propôs que os “grandes poluidores” façam esforços adicionais para reduzir as emissões e os países mais ricos apoiem as economias emergentes nesses esforços.

António Guterres disse, em conferência de imprensa, na quinta-feira, estar “muito preocupado com a posição do mundo sobre o clima. Os países estão muito longe de cumprir as suas promessas e compromissos climáticos”.

O português lamentou ver “falta de ambição, de confiança, de apoio, de cooperação. E uma abundância de questões sobre clareza e credibilidade. A agenda climática está a ser prejudicada”.

O secretário-geral da ONU reiterou que as políticas atuais levarão o planeta a um aumento de 2,8 graus na temperatura média até ao final do século e que, para evitar isso, será necessário reduzir as emissões de carbono em 45% até 2030.

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Guterres pediu aos países desenvolvidos “que cheguem a zero emissões o mais cedo possível” e lembrou que já há nações ricas a anunciar essa meta para 2035: “Não estou a pedir o impossível”.

Quanto aos países em desenvolvimento, o responsável pediu uma redução das emissões de carbono até 2050, uma meta fixada por “várias grandes economias emergentes” como o Vietname.

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O secretário-geral da ONU propôs ainda aos bancos multilaterais de desenvolvimento que adaptem os modelos de negócios para que os países emergentes possam “aumentar maciçamente” o investimento em energias renováveis.

Tanto os países como as empresas devem comprometer-se, de acordo com o plano da ONU, a não utilizar o carvão, a pôr um fim ao financiamento de projetos de carvão e a não emitir novas licenças para projetos de geração de eletricidade utilizando petróleo ou gás natural.

Guterres defendeu que a indústria de combustíveis fósseis tem uma “responsabilidade especial”, depois de ter “receitas recorde de quatro mil milhões de dólares” (3,6 mil milhões de euros) em 2022.

“No entanto, por cada dólar gasto em exploração e perfuração de petróleo e gás, apenas quatro cêntimos vão para energia limpa. Trocar o futuro por 30 moedas de prata é imoral”, alertou.

“É hora de acelerar a transição justa para uma economia verde. Ainda é possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius”, salientou o secretário-geral das Nações Unidas.