[artigo originalmente publicado a 21 de junho e atualizado a 12 de julho, dia em que os bilhetes para os concertos foram colocados à venda]
Quatro anos após a edição do NOS Alive que nunca chegou a acontecer (no ano de 2020, por causa da pandemia), Taylor Swift vai finalmente estrear-se em Portugal com dois concertos no Estádio da Luz, em Lisboa, que estão marcados para 24 e 25 de maio de 2024. Espera-se um acontecimento marcante. Afinal, será a primeira vez que milhares de fãs portugueses (e não só, prevê-se) poderão ver aquela que tem sido uma das estrelas pop mais célebres e, até certo ponto, consensuais. O anúncio das datas da digressão europeia foi feito a 20 de junho. Os bilhetes foram colocados à venda a 12 de julho, com preços entre os 69 euros e os mais de 500 para as áreas VIP mais exclusivas. Antes, houve uma fase de pré-registo na página oficial do concerto de cada cidade por onde a tour vai passar.
“The Eras Tour” é a digressão mundial de estádios que Taylor Swift começou em março de 2023. Arrancou nos Estados Unidos da América, o seu país, sendo que depois irá passar pela América do Sul, Ásia e Oceânia antes de chegar à Europa, para onde estão marcados 26 espetáculos. Descrita como uma tournée para celebrar todas as diferentes “eras musicais” da sua carreira, centra-se nos seus mais recentes discos, mas também nos álbuns que a artista norte-americana tem vindo a lançar desde 2006.
Os últimos anos têm sido particularmente prolíficos para Taylor Swift. Midnights teve um enorme impacto em 2022, mas Evermore (2020), Folklore (2020) e Lover (2019) nunca chegaram a ser apresentados ao vivo, também como consequência da pandemia da Covid-19. Estes anos de espera serviram também de pretexto para uma grandiosa tour de celebração.
Um espetáculo conceptual e pomposo
Os concertos desta digressão duram cerca de três horas e 15 minutos. Geralmente, contemplam 44 canções, divididas por 10 atos conceptuais. Esta é uma tour de best-of, um formato não tão comum para uma artista ainda no seu auge de popularidade e relevância, e que acaba por refletir as diferentes fases do seu percurso: desde as canções mais pop àquelas que se aproximam de sonoridades folk, country ou rock alternativo.
Ainda assim, existe alguma preponderância para os temas recentes, que nunca tinham sido tocados ao vivo. “Lover”, “Fearless”, “Evermore”, “Reputation”, “Speak Now”, “Red”, “Folklore”, “1989”, um segmento acústico com canções surpresa e “Midnights” são os 10 atos, apresentados precisamente por esta ordem, num espetáculo preparado de forma minuciosa.
Cada ato representa um álbum, e Taylor Swift leva os fãs numa viagem pela sua carreira da forma mais imersiva possível. Através do seu figurino, do design de palco, das luzes e cores, procura evocar ao máximo o espírito de cada disco. As transições são feitas com efeitos visuais que servem de pequenos interlúdios e a artista muda de roupa para cada ato, tornando a performance num espetáculo abrangente que vai muito além da música.
“É fácil comparar um dos espetáculos de estádio de Swift a algo que poderíamos ver na Broadway”, escreveu um crítico da revista Rolling Stone, David Waiss Aramesh. “Para cada era/ato, Swift entra completamente no modo do visual, tom e cores daquele álbum.”
Alguns momentos do concerto são particularmente espetaculares. Num segmento específico, que inclui Taylor Swift a cantar dois temas surpresa (ao piano e à guitarra), a cantora aproveita uma ilusão de ótica para aparentar que um corpo de água envolve o piano e o palco. Swift mergulha nessa água, parecendo estar a nadar pelo palco, até que uma onda colide com o ecrã e dá origem ao ato seguinte. Acompanhada pelos seus bailarinos, ao longo de mais de três horas tão musicais quanto narrativas, Taylor Swift irá escalar até às nuvens, cantar em cenários de florestas ou escritórios, e atuar sob neve artificial.
Os fãs podem esperar uma produção de enorme dimensão, até porque tem sido usada uma estrutura com três áreas de palco que se estende até ao meio da plateia. Com projeções de vídeo, luzes laser, efeitos de pirotecnia, fogo de artifício, confetti e pulseiras com luzes LED, já foi descrita como uma “experiência cognitiva de 4D”.
Além de estar a ser um tremendo sucesso junto do público, a “The Eras Tour” tem sido muito bem recebida pela crítica especializada. O The Guardian considerou o primeiro concerto da tour “indiscutivelmente épico”. “Em termos de abrangência de canções e devoção às letras, nenhum artista a consegue igualar”, salienta o jornal britânico, realçando ainda as inúmeras referências aos discos, videoclips ou outros elementos que se tornaram icónicos ao longo da carreira de Swift, e que aqui estão presentes de uma forma ou outra.
Os concertos da “The Eras Tour” têm tido sempre artistas de abertura, mas ainda não foi confirmado qualquer nome para a Europa. Nos EUA, os músicos que ficaram com a primeira parte foram variando consoante as regiões; sendo que Sabrina Carpenter está responsável por abrir os espetáculos na América do Sul, Oceânia e Singapura.
Uma procura extraordinária
Os fãs têm reagido a esta digressão com um enorme interesse. Vários estádios nos EUA bateram recordes de capacidade e a procura massiva gerou mesmo problemas na venda de bilhetes (cujos preços na emissão oficial custavam entre 49 e 449 dólares, valores aproximados também em euros). A Ticketmaster vendeu 2,4 milhões de ingressos num único dia, o que foi algo inédito, mas a empresa não estava preparada para a quantidade de pessoas a tentarem adquirir bilhetes e viu-se obrigada a cancelar a venda, o que levou até a que um grupo de fãs processasse a Ticketmaster.
A própria Taylor Swift mostrou-se desagradada com o sucedido, o que levou a empresa de bilhetes a efetuar um pedido de desculpas público. O falhanço na venda de bilhetes originou mesmo um debate no congresso norte-americano sobre se a Ticketmaster e a sua companhia mãe, a gigante Live Nation, deveriam poder possuir uma fatia tão grande do mercado dos espetáculos musicais.