All good things must come to an end” (em português, todas as coisas boas têm de chegar ao fim). Somando a uns quantos agradecimentos, foi assim que Diogo Miranda, muito discretamente, anunciou, através da rede social Instagram, o fim da sua carreira na moda — notícia que o Observador confirmou esta quarta-feira junto da porta-voz do designer. Depois de fechar o atelier em Felgueiras, cidade de onde é natural, o criador não avançou com motivos para a mudança de capítulo e não esclareceu detalhes acerca dos próximos passos (está, no entanto, “ansioso pela nova aventura”, escreveu).

Em março do ano passado, no entanto, Diogo Miranda, não descartava a possibilidade de apostar noutro caminho: “As nossas opções não são para a vida toda, tudo tem um ciclo na nossa vida, seja a nível pessoal ou profissional. Tudo tem um tempo, por isso se me perguntarem se esta é a minha profissão de eleição para o resto da vida? Provavelmente não”, disse em conversa com o Observador na última edição do Portugal Fashion, evento no qual era um dos grande protagonistas e que marcava os seus 15 anos de carreira. Com 35 anos, o designer que durante muitos anos recebeu a alcunha de “a jovem promessa da moda nacional” (expressão que nunca deixou que o deslumbrasse), não escondeu o cansaço e alguma desilusão em relação ao setor, revelando a vontade de apostar num estilo de vida que lhe desse mais tempo.

Os 15 anos de carreira de Diogo Miranda: “Se esta é a minha profissão de eleição para o resto da vida? Provavelmente não”

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Na subtil despedida online, agradeceu às equipas que as quais se cruzou e celebrou as conquistas acumuladas: “Muito obrigada por todas as mensagens lindas de amor e apoio nas últimas semanas. Fiquei absolutamente impressionado com a bondade e generosidade. Muito obrigada à minha equipa e a todos os colaboradores talentosos que trabalharam incansavelmente comigo e que acreditaram na minha visão nos últimos 16 anos”, continuou a mensagem. “Indiscutivelmente, fizemos da marca um player de moda relevante e de tantos sucessos comerciais também. Tenho muito orgulho de tudo o que conquistamos. Agora estou ansioso pela nova aventura.”

No Portugal Fashion, Diogo Miranda incluiu um vestido de noiva naquela que acabaria por ser a sua última coleção.

Naquela que acabaria por ser a última coleção, apresentada na última edição do Portugal Fashion, em março, o designer mergulhou na estética surrealista, transformando as modelos em divas vestidas com roupas inspiradas nas décadas de 1930 e 1940 — destacando-se os efeitos óticos, providenciados, por exemplo, por silhuetas retangulares ou ombros à mostra, e a sofisticação, com golas levantadas, notou na altura o Observador. O desfile encerrou com uma noiva, como manda a tradição da Alta Costura.

Diogo Miranda deu nome e forma à vencedora marca que vestiu figuras públicas, como Maria João Bastos ou Vitória Guerra, com especial destaque para as criações de cerimónia. O seu caminho no setor, de crescimento acelerado, arrancou em 2007 na plataforma de novos talentos do Portugal Fashion, evento no qual apresentou as suas criações desde então. Entre 2015 e 2020, apresentou na Semana da Moda de Paris, lê-se no site da plataforma de moda.

Nuno Baltazar encerra a loja na baixa do Porto

Mais de 390 peças de Nuno Baltazar estão em leilão eletrónico na Leilosoc até 17 de julho, incluindo vestidos, sapatos e mobiliário num valor aproximado de 26 mil euros. Compõem aquilo que é a massa insolvente da loja do criador de moda português, um espaço de 200 metros quadrados na Rua do Bolhão, no Porto, que entrou em insolvência em março do ano passado. A notícia foi avançada pelo Delas.pt na segunda-feira e noticiada pelo Público na quarta-feira. O Observador tentou contactar Nuno Baltazar, mas não recebeu resposta do criador até à hora de publicação deste artigo.

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O criador garantiu ao Público que “não vai acontecer nada à marca” Nuno Baltazar, uma vez que a empresa insolvente é independente da mesma. “É uma decisão que tive de tomar, depois de dois anos de pandemia em que tive a loja fechada”, acrescentou, sublinhando que o contexto pandémico teve um impacto negativo no negócio.

Este era o único espaço físico de Nuno Baltazar. Abriu portas na Rua do Bolhão em 2018, para onde se mudou para estar numa zona mais movimentada depois de, durante 14 anos, ter juntado loja e atelier num espaço na Avenida da Boavista. Passados menos de 2 anos desta mudança, viu-se forçado a fechar as portas da loja durante um longo período por causa da pandemia. Neste momento, é um dos 12 criadores nacionais presentes na nova pop-up store da ModaLisboa, no nº16 do Largo de São Julião, em Lisboa, até 30 de junho.

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Foi precisamente no maior evento de moda nacional, em março de 2023, que foi apresentada a mais recente coleção de Nuno Baltazar, tendo sido um dos grandes destaques desta edição da ModaLisboa ao usar o desfile como uma plataforma de crítica aos escândalos sexuais na Igreja Católica. “Como é que é possível que na comunidade católica não exista uma revolta? Eu, por mim, pegava nos cartazes e ia para a porta da Igreja”, disse na altura em entrevista ao Observador.

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