Christophe Galtier, o treinador do PSG, foi detido esta sexta-feira por suspeitas de discriminação. De acordo com a AFP, o filho do técnico francês também está sob custódia policial e o caso remonta à temporada 2021/22, período em que Galtier foi acusado de realizar comentários discriminatórios e racistas enquanto estava no Nice, algo que sempre negou.
Apesar de o episódio já ter alguns anos, a história só se tornou do conhecimento público no passado mês de abril, quando a RMC Sport teve acesso a emails enviados por Julien Fournier, antigo diretor desportivo do Nice, a responsáveis da Ineos, a atual dona do clube francês. Nessa correspondência, acusava Christophe Galtier de atitudes e discursos racistas e xenófobos, recordando episódios que decorreram no início de agosto de 2021, menos de um ano antes de o treinador assinar com o PSG.
“O Christophe Galtier entrou no meu gabinete e cumprimentou o filho, que me disse ‘podes comprovar com o meu pai tudo aquilo que te disse’ [o filho de Galtier é agente de jogadores]. Quando o agente/filho saiu, contei a Galtier a conversa que tínhamos acabado de ter e perguntei-lhe se era verdade. Ele disse que sim e que eu tinha de ter em conta a realidade existente na cidade e que, efetivamente, não podíamos ter tantos negros e muçulmanos na equipa”, começava por referir o antigo diretor desportivo no email em questão.
Mais à frente, no mesmo email, Julien Fournier revelava que o treinador natural de Marselha explicou que foi “a um restaurante e toda a gente lhe caiu em cima, a dizer que a equipa estava cheia de negros”. “Tens de ter noção de que a equipa não corresponde à cidade nem àquilo que as pessoas pedem”, acrescentava. Já no fim do email, o antigo diretor desportivo do Nice relata vauma reunião com John Valovic-Galtier, filho adotivo do treinador que foi agora detido e não o que estava presente no primeiro episódio, onde este indicava que a situação do pai no clube era “insustentável”.
“Perguntei-lhe o que se passava e explicou-me que esta equipa não era como ele, que não podíamos continuar assim. Pedi-lhe ajuda, porque não estava a conseguir entender o que queria dizer, e disse-me: ‘Construíste uma equipa de escória’. Pedi-lhe que fosse mais preciso e acrescentou: ‘Só há negros e metade da tua equipa está na mesquita à sexta-feira à tarde’. Respondi-lhe que estava indignado com aqueles comentários e pedi-lhe que abandonasse o meu gabinete imediatamente”, terminava Julien Fournier.
De recordar que, no passado mês de setembro, o antigo diretor desportivo do Nice já tinha dado a entender que a saída de Christophe Galtier do clube não tinha sido propriamente pacífica. “Se algum dia explicar as razões por que nos chateámos, porque é essa a palavra certa, ele não volta a entrar num balneário, nem em França nem na Europa”, atirou. Na altura, o treinador de 56 anos negou “com a maior firmeza” todas as acusações através de um comunicado do advogado, onde garantia ter ficado “chocado ao conhecer os comentários insultuosos e difamatórios”, e o Ministério Público francês anunciou a abertura de um inquérito, que culminou na detenção desta sexta-feira.
Adicionalmente, a situação de Christophe Galtier no PSG é a de um autêntico final anunciado. O treinador continua oficialmente em funções, não tendo ainda sido despedido e não tendo ainda rescindido com o clube, mas é certo que não irá permanecer no cargo e têm sido muitos os nomes associados à sua sucessão. Galtier chegou aos parisienses em julho de 2022, para substituir Mauricio Pochettino, e conquistou um Campeonato e uma Supertaça.